quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Tentativa



É natal! É natal, cantarola o jornaleiro
É natal! E isso me faz pensar!
Penso enquanto protejo a vela do vento
Não te apagues, chama natalina...
Um grito não sei se verdadeiro ecoa aqui dentro!
Curioso é descobrir a singularidade deste espírito
que tanto nos une...
E passar o Natal junto, não significa passar o mesmo natal
Natal é como que uma coisa singular, cada um tem o seu...
Todos guardam na lembrança
a memória de um Natal bom
Todos!
Mulher, homem, velho, jovem, criança...
Um vinte cinco de Dezembro
Marcado por uma data
Que algum encanto estava no ar...
Os que não guardam. Inventam!
Os natais inventados são ainda melhores!
Pecado? Não!
Desça do salto da hipocrisia, é tempo de Natal!
E de... esperança?
Quem nunca inventou uma história?
Todos os anos, milhares de fatos...
Cores, crenças, costumes, amores, desencantos
Alegrias, tragédias, acontecimentos
Preparam novos Natais...
E todos têm em si uma verdade (quase) definitiva
guardam na lembrança Um Feliz Natal
A partir do qual, todo Natal é Tentativa...

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Família Contemporânea



Os pais olham a criança feliz
E pensam atordoados:
É preciso cortar o mal pela raiz

E por sua vez
A criança nasce e já fica naquela:
Ou eu mato meus pais
Ou eles me jogam da janela...!






Pai joga filho do 18° andar e depois comete suicídio

Filho Mata pai para ficar com aposentadoria

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Velhos Jornais


Eu mudo como as fases da lua
E às vezes nem demoro tanto tempo assim
Não demore a dizer que me ama
Não procure novas casas em velhos jornais
Às vezes você diz que me quer
E eu já nem te quero mais!

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Lição


Os mortos descansam em paz
Quem descansam em paz?
Os mortos!
Sujeito é aquele que pratica a ação
Ainda que esteja morto!

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Hoje em dia


Hoje em dia
Livro
É uma coisa que preenche os espaços vagos da estante
Revista
É um lugar onde atrizes ensinam a manter a boa forma
Cadeia
É um lugar onde não é permitida a entrada de parlamentares...
Celular
É um lugar onde armazenamos nossas vidas
E chique mesmo é morar fora de casa!
Hoje em dia
Comer
É só um detalhe
A mesa fica vazia,
Porque sem ninguém na casa, esta fica fechada
Hoje em dia
Falar corretamente é cafona
Boa música tem que ter uma gostosona
E temos a impressão de que ser ou não bom dá na mesma
É só fachada
Porque não existe mais coisas como antes...
Foi-se o tempo em que havia bons programas de humor
E que TV era coisa pra família
Pai, mãe, filho, avo, avó e namorada
Sim! Foi-se o tempo em que
Um porque,
Por quê,
Por que ou o porquê errado me irritava
Hoje em dia
A internet distancia as pessoas que se julgam próximas
(e não vivemos mais sem isso)
E a globalização... É uma grande piada!
Sem contar nas peças que a vida prega
Para toda exceção existe uma regra,
Inclusive para esta que diz, que para toda regra há uma exceção
E digo mais:
Compressa
é um ato que se consuma devagar
Glande
é uma pequena parte de um grande corpo
Os grandes lábios
ficam longe da boca... quase sempre!
E o canal deferente
é igual em todos os homens
Breganha
é a palavra que usamos quando houve uma barganha de palavras
Agente
é um ser singularizado em sua profissão
Hoje em dia, o verbo dar,
tem se tornado intransitivo! (sentido completo)
E o meu principal motivo...
É na vida, transitar...
Até que chegue o amanhã...!

domingo, 6 de dezembro de 2009

Menina Veneno (Analisando a Letra)



Meia-noite no meu quarto, ela vai subir
Meia-noite no quarto dele, e em Brasília, zero hora!
ouço passos na escada, vejo a porta abrir
um abajur cor de carne, um lençol azul
Um abajur cor de quê? Carne? Putz! Que cafona!
Mas assim, carne vermelha ou branca? Assada ou cozida?

cortinas de seda, o seu corpo nu
(Não adianta agora querer
Consertar com cortinas de seda, nada mais se salva em
Um lugar com um abajur cor de carne..)
“O seu corpo nu” Ela já subiu toda, toda, “como veio ao mundo”

menina veneno o mundo é pequeno demais para nós dois
Renego. Reluto. Esforço-me para acreditar, que este Veneno, da menina,
É só pra rimar com pequeno...

em toda cama que eu durmo
só dá você
só dá você
só dá você
pelo contexto, não estranharia se o pronome antecipasse o verbo...
De maneira que...
“Em toda cama que eu durmo
Só você dá...
Só você dá...
Só você dá... a a a a a”
Ah, neste caso, a repetição do a, no final
Substituiria do “e”, “e”, “e,” “e” do só dá você e e e e, sabe?
Já percebeu como adoram este recurso, de irem repetindo
Os Es e As???

seus olhos verdes no espelho,
brilham para mim
(Nem vou comentar, só porque gosto de olhos verdes)
seu corpo inteiro é um prazer
do princípio ao sim
(onde é que fica esse sim, hein?
Bom, se pensarmos na cabeça como principio, o sim, talvez, fossem, os pés
Ou vice-versa?
Ta, que poderíamos entender, o Sim, como uma permissão
Mas haveria, dúvidas? Se ela é quem o procura?
Se ela se apresenta tão disposta, não diria um Não, pra ele...)

sozinho no meu quarto
eu acordo sem você
Curtiram essa parte, né?!
“SOZINHO no meu quarto
Eu acordo sem VOCÊ”
Ah, sério?! Estranho seria se SOZINHO

Você acordasse com ELA
Uma vez que está sozinho
Não está com você!!!
Afinal de contas, SOZINHO é sozinho
Portanto, acorda sem você, sem ela,
Sem Menina, sem o Veneno, sem entorpecentes
Sem NINGUÉM!

fico falando pras paredes até anoitecer
Bom, ele fica falando pras paredes até anoitecer...
Já pararam para pensar na vida desse sujeito?
Esse cara não faz mais nada da vida, concordam?
Sim, se acorda, “Sozinho sem Você”, supõe-se que é de manhã
E fica falando para as paredes até o anoitecer...
Que tempo lhe sobra para outras atividades?
Sim, pois se ele fica falando pras paredes até o anoitecer...
Anoitece, a Menina Veneno chega de novo, é um ciclo!
Haja saco! Desculpe! Haja ouvidos...
Depois, de Menina Veneno, o bordão:

“As paredes têm ouvidos”, passou a ter sentido literal!!!
menina veneno,
você tem um jeito sereno de ser
claro, sereno e tranqüilo, observem:
em toda noite no meu quarto vem me entorpecer
(Sim, além, de a Menina Veneno, usar entorpecentes
Ainda vem entorpecer o rapaz – que convenhamos
Não deve ser lá grande coisa – pois sequer trabalha
Como ficou comprovado nos seus desabafos com a parede)

me entorpecer (2x)
Me entorpecer, repete mais duas vezes
O que pode causar uma overdose nele a qualquer instante!
Ia dizer, dependência, mas, este, já é dependente
Pois: “em toda noite no meu quarto”
Passou de uma vez, não é mais curiosidade,
Nem experimento, é vicio!

você vem não sei de onde
Reflete a perda de valores
Com uma qualquer!
Só porque tem os olhos verdes
...

eu sei, vem me amar
eu nem sei qual seu nome
Não sabe nem o nome, vem reforçar
mas nem preciso chamar
Algumas considerações:
E como deixa uma estranha, entrar em sua casa?
E ir subindo escadas e tudo mais?!
Sim, bateu na porta, tocou a campainha???
Não! Pois ele estava já no quarto, quiçá na cama
A espera da Menina Veneno, com sua bolsa
Cheia de entorpecentes... E, depois, do quando ele acorda
Ela já se foi... Coitado, nem viu nada, dopado que estava!
E chora pras paredes o dia inteiro!

menina veneno
(Menina Veneno, está te matando meu amigo)
você tem um jeito sereno de ser,
em toda noite no meu quarto
vem me entorpecer
me entorpecer (2x)

Menina veneno ...

Na verdade, na verdade mesmo,
esse cara se entorpece sozinho,
não tem menina coisíssima nenhuma,
é tudo alucinação da cabeça do coitado...
__________________________________
http://pt.wikipedia.org/wiki/Menina_Veneno


"Menina Veneno" é uma canção interpretada por Ritchie, cantor e compositor inglês radicado no Brasil, escrita em parceria com Bernardo Vilhena e lançada no ano de 1983 no álbum "Vôo de Coração", pela gravadora Sony. A música é um rock-pop misturado a MPB e possui um solo harmônico de saxofone em sua versão original.

É uma canção executada nas rádios até os dias de hoje e ja foi regravada por grandes ícones da música brasileira, como Rita Lee e Zezé di Camargo & Luciano.

Foi a canção mais tocada no ano de 1983 nas rádios do Brasil.


quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Nova-mente


É comum demais na vida
A gente querer um tempo pra gente
Sentar-se só em lugar nenhum
Porque qualquer lugar é lugar
Quando tudo o que se precisa é você
Nesses momentos, um resumão da sua vida
Lhe é apresentando por você
Que é ao mesmo tempo apresentador de slides
Com trilha sonora à gosto
E telespectador
E cada slide mostra você de uma forma
Rindo, chorando, feliz, impaciente
Rouco, bem acompanhado...
É como se nesse momento disséssemos para nós
Enquanto apresentadores:
Volta esse... pula esse – queria parar o tempo nesse!
Estava feliz! Eu era feliz...
Depois acaba essa fase e chega-se a uma conclusão:
Preciso de uns minutos pra chorar
E você – apresentador – dá um tapinha nas suas costas
E diz pra você: tudo bem, vai lá!
Pois nesse momento, se precisa chorar mesmo
Pois no choro mora um segredo grande
Após o choro tem-se uma sensação de conforto
De alívio, de esperança...
Sim, a gente enxuga as lágrimas e se olha no espelho
Como quem diz: pára! Já chega!
Verifica alguns traços do rosto
que revelam que o tempo está passando rapidamente
respira fundo... e diz: vamos lá!
Como que dando um chacoalhão em si mesmo
Nesse momento a gente acredita que tudo vai mudar
Sai renovado por um instante diante do espelho
Como quem tira uma roupa suja de barro
E toma um banho demorado no banheiro
E se delicia com o vapor...
Como quem troca a carcaça
Como em dia chuvoso... que depois surge o sol
E as arvores são verdes e tudo é paz...
É nessas horas que a gente pensa que não tem nada
E percebe que muito do que a gente precisa
Está ao nosso alcance
Não, não podemos controlar as pessoas
Fazer com que nos amem
Deixar de sofrer
A vida parece estar a todo tirando da gente sempre
A parte que a gente mais quer
Tiram tudo da gente
Roubam a gente em cada segundo
Ferem o coração a todo instante
Cortam, maltratam...
Mas o bem maior está aqui dentro
É olhando para dentro que se vê melhor o que está de fora
E isso ninguém vai poder tirar de nós
Nenhum rei, político, papa, povo, presidente...
Sei que também não deixa de ser uma sensação passageira
E me conforta saber que depois posso chorar de novo, nova-mente!

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

de Esquerda


Sem idéias não se move o mundo
Os rumos, de ideais distintos
Parafernálias de concreto e ferro
Estruturas metálicas rugem
nas esguelhas do destino
no lampejar de todas maculas
e no sangrar de cada não resposta
se esvairia o homem de pensamento torpe
na mortificação que o instinto-homem aposta
sem idéias não se move um palito
os rumos são tortuosos
os dias massificantemente tenebrosos
e os senhores de todas as vontades, gozam!
E nos seus templos canibalescos contemplam
a vulnerabilidade dos que não discorrem
e toda alma viva
que não se ajuíza, afoita, morre!

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Torcidas - Por um São-Paulino


Fiquei perplexo ao ver o Maracanã com 84 mil torcedores ontem, é bem verdade. Aquela torcida realmente é linda. Ao lado, da do Atlético MG e da torcida do Fluminense. Bom, o fato é que no estado de São Paulo, desde 1993, são proibidas as entradas nos estádios, com bandeiras com mastro, plaquinhas usadas para fazer mosaico – como as usadas pela torcida do Fluminense na homenagem ao jogador Washington e as utilizadas pela massa rubro-negra ontem – tudo por conta de um lamentável episódio na Copa São Paulo de Futebol Junior, envolvendo torcedores de São Paulo e Palmeiras. O qual culminou com a morte de um torcedor, atingido na cabeça por um mastro de bandeira – o que não é pouco – Além da perda irreparável que é uma vida, tivemos a perda de criatividade, devida a limitação imposta. Bom, então, é por isso que a festa nos estádios mineiros e cariocas, das torcidas, às vezes, enche mais os nossos olhos.
Bom , eu, São-Paulino desde que me entendo por gente – detesto essa frase, mas... na falta de outra que expresse melhor a distância entre um fato que não tem inicio, ou se inicia onde a memória falta, fica essa mesmo – Estou adorando a forma de pontos corridos adotada pelo campeonato brasileiro. E, não é pelo fato de o São Paulo ser o campeão nas três ultimas edições. Não. Nana-nina-não. É pela emoção! Pela possibilidade de torcermos por uma vitória de um time, cujas cores sempre nos foram sinônimos de rivalidade. Ontem, por exemplo, o Brasil todo, exceto, nós, São-Paulinos, cantarolava: “Botafogo, Botafogo, campeão desde 1910...” Alguns São Paulinos, tiverem o prazer, ou desprazer, de torcer pelo Corinthians no duelo contra o Palmeiras, neste segundo turno. E vão ter o desprazer, mais uma vez, de torcer pelo ‘timão’ contra o Flamengo. Eu, orgulhoso que sou, não torcerei pelo Corinthians, quiçá, por um empate. Mas não tem como negar que uma vitória Corintiana, a essa altura, será bem-vida. Será, mais que bem vinda, muito mais. Da mesma forma, que não darei a mínima pra essa partida, que para mim, será muito mais um jogo de compadres, se o São Paulo vencer o Goiás, no domingo. Aliás, vencer o Goiás no domingo. Goiás que ontem gritei tanto por ele. Tannnto, tanto, tanto. Costumo dizer, que no jogo, às vezes, se perde por falta de humildade. Às vezes não se perde só por falta de jogadores, como no caso do São Paulo ontem no revés contra um Botafogo, desesperado. O Tricolor, do Morumbi, jogou bem até. E um certo empate, logo após a derrota do Jason, me faz acreditar que foi a melhor derrota do São Paulo no brasileirão. A gente salva o Botafogo, e ainda fica tendo um a ver com eles. Depois eles vencem o Palmeiras, e os tiram da Copa Libertadores... que fica tudo certo. Sim, a derrota do São Paulo ontem teve gosto de vitória, mais que o empate do Flamengo, que mesmo tendo diminuído a distância do líder, bobeou. Como tantos outros têm bobeado. Em um estádio lindo, repleto de torcedores, que me desculpem, não fizeram a diferença, como anunciava o enorme Mosaico. Eu ainda brinquei quando li aquilo: “A maior torcida do mundo faz a diferença” pensei, trânsito no Rio de Janeiro em dia de jogo do Flamengo é foda, a galera do “Ou não” não chegou até agora. De maneira que quando chegassem todos, o Mosaico diria “A maior torcida do mundo faz a diferença, ou não...”
Bom, temos duas rodadas pela frente, com seis times, ainda com chances de títulos. Além do atual campeão, em seguida vem Flamengo, que convenhamos, está precisando vencer um brasileiro – mas que não seja esse – O Palmeiras, que convenhamos, está precisando de um título que não seja o campeonato Paulista, o Inter, que aceitaria campeão, desta vez, só porque descobri que Luís Fernando Veríssimo é colorado. E AINDA tem Atlético-MG e Cruzeiro, que não dá para torcer para eles, uma porque meu pai é Galo, e vai me encher, dois porque o cruzeiro é meu arqui-rival este ano.
Bom, pode até ser que a torcida do Flamengo, seja a que mais incentiva seu clube, mas o Flamengo, é o time que menos incentiva sua torcida. Bom, ontem, a torcida rubro-negra fez a sua parte, deu show. Mas faltou um pouquinho de humildade. Então, final de semana que vem o São Paulo vai estar ensinando em Goiânia, como se vence o Goiás.
E me perguntaram por que a torcida do São Paulo, tem chamado o tricolor paulista de Jason. A minha reposta, foi: “porque a torcida do São Paulo é criativa”
Por causa de Julho Agosto Setembro Outubro Novembro – são as iniciais dos meses que o São Paulo joga melhor J A S O N – Depois vieram dizer que é porque o São Paulo sempre volta, quando pensam que está morto. Não é verdade! Nem isso, nem o lance de “O campeão voltou” o Campeão não voltou, o Campeão sempre esteve aqui! No seu lugar de campeão!
Bom, e só um último lembrete, “A maior torcida do mundo, foi ontem a do Botafogo” Não a do Flamengo... E não vou dizer que, ela, não tenha feito, de fato, a diferença!

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Erros Contumazes


Quando precisamos trocar o lençol?
Quando precisamos cortar o cabelo?
Quando a barba por fazer nos cai melhor?
Para tudo há um limite.
Não se limite, contudo. Vamos?!
Caminhemos rumo ao desconhecido
Já tão conhecido. As-sus-ta-dor-a-mente conhecido.
Sim, se teme muito mais, aquilo que já se conhece
O que já se reconhece. Ou quando se reconhece em algo dominador...
Já sabemos de tudo. A morte não nos matará mais
Nada nos matará além
Do que estas verdades sem solução!
É interessante como as coisas mudam
É interessante... mudam, mudam...
Tudo a nossa volta muda
E nós por mais que mudemos, não...
Não mudamos em nada. Absolutamente nada.
Nada. Nada É uma palavra que não nos é bem aceita
Quando vem em tom de critica então...
Tem cunho reflexivo!
“Você não sabe fazer nada”, machuca.
E não deveria... posto que Nada é algo que nem sabemos
O que significa.
Mas não dá para ficar sem fazer nada.
E devemos mudar, ao menos de lugar, para que as pedras que rolam dos barrancos
Não destruam nossa casa. Estejamos preparados para quando vierem
E hão de vir.
Os problemas tardam mas não falham, diferentemente de mim que falho e não tardo...
E sempre sou surpreendido pela mesmice
Mas isso não é particularidade minha, todos nós
Continuamos a ser surpreendidos pelas mesmas pancadas
Esperadas, e que mesmo assim nos pegam desprevenidos
Continuamos a chorar o mesmo choro. O qual conhecemos
Mesmo sendo desconhecido
Sabemos demais sobre nós. E sobre o que diariamente nos mata
Mas estamos aprisionados às essas dores, sem as quais
Respirar dói... Sorrir dói... viver dói...
Nada mata mais do que o Amor, infelizmente
Não temos mais faces a oferecer a tapas
E mesmo assim... não atingimos compaixão
Desconfie de pessoas que te abordarem com palavras como
solidariedade e fraternidade
E pai, perdoai, elas mal sabem o que dizem...!
É muito mais interesse e auto-promoção do que amor ao próximo
Nosso dever é viver, enquanto vivos
E morrer, enquanto necessário
Passamos a maior parte da vida em luto
E chegamos, em meio a modernidade e a globalização
Ao cumulo de ter que pagar a alguém para falar sobre nossas vidas.
Escuta. Eu pago pra isso!
Não há mais com quem se abrir. Estão todos fechados para si
Ninguém abraça ninguém, agarrados aos seus problemas
Lhes faltam braços...
Só a morte concreta não nos basta
Haveremos de morrer cada vez que nos decepcionamos
É impressionante como nos decepcionamos. Cada vez mais
Cada minuto mais. Cada segundo mais
E quem mais nos decepciona é sempre quem mais nos deveria passar confiança
Quem mais me decepciona, está tão comigo que chega a ser eu
É impressionante como gostaríamos sempre de ser algo diferente do que o real nos mostra
É impressionante que continuemos a celebrar os mesmos tombos
É impressionante perceber que com a evolução de tudo
Não aprendemos a evoluir internamente
E ao passo que tudo evolui
Damos novos nomes as mesmas dores. Obrigado

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Para Morrer



Quando eu morrer vou sentir tanta falta minha...
Saudade de falar besteiras...
De falar com pessoas como você...
De ir a lugares que ainda não fui
Mas terei ido em vida...
De beber,
De dançar
Sem saber mesmo
Porque não me importo com a opinião alheia
Vou sentir muita falta dos meus amigos...
De pessoas que nem conheci ainda...
Do sol... da lua... da chuva,
Do vento girando cata-ventos
Do São Paulo vencendo o Corinthians!
Ahhh quando eu morrer sentirei tanta falta minha
Tanta falta nossa
Tanta falta sua!
E é, exatamente por isso que quero morrer em vida
Morte súbita em plena adrenalina
Jogando bola
Sorrindo
Pulando
Ou com os meus amigos
Morte em vida!
E não morte predefinida
Na cama de um hospital
Amargando as brancas paredes
E as brancas enfermeiras
E as brancas folhas dos últimos dias de uma vida
Que não pôde por mim ser escrita
De dias de vida não vivida
Vida esticada
Vida implorada, mendigada!
Não. Quero morrer em plena vida
No pique de uma corrida
Não quero a brancura dos médicos e enfermeiras
Nos meus últimos instantes
Quero cores, amores, flagrantes
De coisas proibidas
Quero a sorte não escolhida
De dar o meu ultimo suspiro em vida
Eu quero morrer assim
E desde já deixo avisado
Quero a surpresa de no instante próximo
Um coração parado
E não dias, meses e anos de um coração agoniando
Sabendo que a vida é uma questão de tempo
Tempo que não passa rápido como passa nos momentos de vida
Tempo que no leito de um hospital
Em estado terminal, já é acréscimo pra uma vida
Que só tardará em instantes deprimidos a nossa despedida
E encontrar o desconhecido
Ver o retrato do outro lado
A passagem
A viagem
Não pode ser precedida
De um grande sofrer
E estragar o encanto de um segundo
Que a vida inteira ficamos curiosos
Para ver
Não. Acho que o melhor é nem ver
E de repente entrar pela porta de acesso à saída
Morte súbita, em plena vida...

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Bula




Poucos conhecem minha história
Menos ainda a minha trajetória
A maioria não se recorda do meu rosto
Alguns sabem de mim, o desgosto

Muitos são os que desejarei que nem me conheçam
Muito mais que muitos, os que não me conhecerão
Alguns chorarão por mim antes que seus corpos padeçam
Alguns saberão de mim, mas apenas saberão...

Em mim já não doe saber que não vivo
Em mim já não doe se me dizes que não presto
Nada mais me anula!

Se não saberás a dor que cultivo
Se já não és remédio pro meu resto
A mim, já não adianta ler tua bula

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Linha Jardim Esperança


São 5:00 da manhã, Juversino acorda desesperado como sempre. Mais uma vez seu rádio relógio o tinha deixado na mão. Iniciava-se uma corrida contra o tempo. Seu ônibus sairia dali a uns poucos minutos, e ele haveria de percorrer três quarteirões. Correu na cozinha, difícil foi encontrar algo para comer. Mais difícil ainda, foi escolher uma entre as três peças de roupa. Lembrou-se ter esquecido de lavar suas camisas. E aí então, a escolha tornou-se mais fácil:
- Ah, vai essa mesmo!
Colocou o par de botas velho, escovou rapidamente o par de dentes, foi à cozinha, tomou uma xícara de café frio do dia anterior e partiu para o ponto de ônibus.
O ônibus pára no ponto. O rapaz entra e saca seu cartão de transporte, seu único amigo. Aliás, nem tão amigo... Sem créditos nele, vasculha, então, os bolsos da camisa, sem sucesso. Olha em um bolso e outro da calça e encontra algumas moedinhas que repassa ao cobrador. Procura lugar para se sentar, avista um mais ao fundo do ônibus. Nem bem se senta e é repreendido por olhares que sugerem que ele Ceda o lugar para a grávida de pé! Ele consentiu. Tudo bem, pensa. É mais um dia na vida deste trabalhador, que ainda haverá de tomar mais um ônibus após esse e quem sabe, ir em pé mais uma vez. Procura uma melhor posição, caminha um pouquinho a frente, onde havia um ‘pega mão’ mais compatível com a sua altura. Se acomoda. Confortavelmente!
Juversino, esperto que era, percebe que o ônibus havia tomado um trajeto novo naquele dia. Certamente, a prefeitura estava fazendo alguma operação tapa buracos na avenida principal. Neste caminho havia grandes irregularidades no asfalto, a velocidade foi reduzida quase a zero e mesmo assim, era difícil de se equilibrar em meio aos solavancos do ônibus.
Mas, Juversino, acostumado, parecia nem se importar. Nota que sentados no banco pouco a frente, estão dois senhores alinhados. Vestidos de terno e tudo mais. Estranha. Procura não olhar muito. Lembrava da pobre voz da senhora sua mãe lhe dizendo quando via esse tipo de gente: “para essa gente é melhor nem olhar!”
Mudou o foco do seu olhar, mas seu ouvido, permanecia ali. Ouviu um dos senhores dizer ao outro:
- Mario, como estava te dizendo, meu carro negou a pegar nesta manhã...
- Justo hoje, Ronaldo, que minha esposa precisou do meu...
- Ta maluco né? Que eu andaria naquela lata velha!
- Melhor do que coletivo.
- Ah, nisso você tem razão Mario, eu odeio isso aqui! Esse cheiro, esse povo com essas sacolas, esse cheiro de mofo... esses bancos duros, desconfortáveis. Deus me livre! Espero que nunca mais precise disso!
Mario apenas sorriu.
Juversino foi surpreendido com uma laranja rolando próxima ao seu pé. A que ele fez questão de recolher. Uma senhora se levanta e lhe diz:
- Obrigado, rapaz! É meu café da manhã!
Ele não diz nada. Parecia estar alheio a tudo e a todos. Próximo a essa senhora, duas moças conversavam em um tom alto:
Aline: - Vou prestar Enem, Camila.
Camila: - Mas você não está sabendo?
Aline: - hã...
Camila: - Vazou! Fiquei sabendo que estão vendendo essa prova! Pura ilusão isso aí...
Aline: - Sim, fiquei sabendo que vazou. Mas vai ser apurado para que os responsáveis sejam punidos!
Camila: - Punidos? Estamos no Brasil... Aqui, os responsáveis não são punidos. Só nós, pobres, somos punidos. Vai você fazer uma coisa errada para ver...
Aline ficou em silêncio por alguns instantes... Sabia que Camila tinha razão, mas sabia bem o que queria pra si e pouco depois insistiu:
Aline: - Mas a prova será em dezembro! E vou fazer, não importa, Deus vai me ajudar.
Camila: - Tenha muita fé, amiga!
Aline: - Eu tenho, vou fazer uma boa pontuação, e depois conseguir o PROUNI. E você deveria fazer o mesmo, não sabe que há cotas para negros, pode concorrer a uma vaga.
Camila: - Sabe que você tem razão, Aline! O Eltinho, amigo meu, está fazendo medicina. E tem bolsa PROUNI.
Aline: - É isso aí! Assim que se fala! Minha mãe já me dizia, antes de falecer: “a única maneira da gente se dar bem na vida é estudando”
Juversino, concordou. Também tinha sua mãe como uma referência. Neste instante se levanta um senhor, e ele se senta. Neste lugar, era possível mais uma vez, ouvir o papo de Mario e Ronaldo...
Ronaldo: - “Estou bem Marião?” Tenho que estar bem hoje para encontrar os outros empresários.
Mario: - Você está bem, Ronaldo! Parece que está indo para igreja se casar!
Ronaldo: - Não me fale em igreja. Sabe que não acredito nisso. Não acredito em Deus e em nenhuma dessas bobagens! Quando for me casar, será só no civil.
Mario: - Como preferir...
Ronaldo: - É que fico inseguro. Hoje acordei com o pé esquerdo, olhei mais de trinta ternos e nenhum combinava com a reunião que tenho esta manhã.
Mario: - ...
Ronaldo: - Para piorar, aquela incompetente da Romilda, não engomou direito a minha camisa. Não é possível, Mario! Eu já a expliquei centenas de milhares de vezes, mas a anta não entendeu ainda...
Mario: - Complicado...
Ronaldo: - Tive de vir com essa mesmo. Mas não pára por aí não amigão... no café da manhã, não sei o que a infeliz arrumou, que faltou, croiassan, brioche, geléia... Tudo errado! O leite frio... A disposição dos talheres toda invertida... Não dá! Depois reclamam de ter trabalho, não sabem trabalhar...
Mario: - é...
Ronaldo: - E ontem, ele veio com uma conversinha de registro em carteira...
Mario: - Ah, ela não é registrada ainda?
Ronaldo: - Claro que não! Com aquela carinha de coitadinha veio me dizer que é direito dela... direito... e pobre lá tem direito?
Mario: - Mas Ronaldo, Ronaldo, cuidado com isso amigo...Ela pode te levar na justiça do trabalho!
Ronaldo: - Pobre não tem vez, nem na justiça!
Mario: - Bom, faça como achar melhor. Agora que é de direito dela é! A Laudelina Campos de Melo que iniciou essa luta pelo direito dos empregados e deixou a Romilda hoje amparada... Inclusive agora tem um projeto chamado Educafro que...
Ronaldo: - Ah, e eu não sei? O filho da Romilda estuda lá...
Mario: - Ta vendo...
Ronaldo: - Ele disse que quer ser médico, a-há, há, há... médico! Imagina... um pé rapado daquele médico... Por isso que a saúde no Brasil ta assim...
O ônibus seguiu seu curso... Juversino, que havia sido bombardeado por idéias e ideais distintos e de todos os lados..., Permanecia pensativo... Lembrava da sua manhã, da sua cama com colchão duro, tentava imaginar como era a cama que Ronaldo dormia... Por um instante se imaginou em uma mesa enorme comendo brioche, que bobagem! Ele nem sabia o que era aquilo...
Verificou, disfarçadamente, seu cheiro. Sua aparência, pela primeira vez, o preocupou... Lembrou que quanto à roupa não tinha muita escolha...
Viu quando os senhores alinhados se levantaram e antes de descerem, abriram a janela e jogaram no meio da rua, o jornal. Descartado, que não teria mais utilidade. Desceram em um ponto próximo a grandes prédios do centro comercial da cidade... As moças desceram mais a frente, mais próximas a um novo ponto. Elas, certamente, iriam tomar outro ônibus, no difícil caminho que escolheram para si. O caminho dos espinhos, da luta... Onde cada obstáculo é vencido de uma vez. Mas o brilho no olhar de Camila e da amiga, parecia apontar um destino certo... Sabiam que não importa quantas conduções haveriam de pegar... Iriam chegar ao lugar que esperavam...
Juversino dá o sinal, antes de descer, ainda pega novamente a laranja da senhora e a devolve, era o café da manhã dela. Ele, certamente, não havia gostado de tudo que ali ouviu, mas daquele dia em diante, era uma pessoa renovada... ao menos se sentia assim! Sabia quais os caminhos eram possíveis, já pensava até em retomar seus estudos... “Às vezes é preciso que a vida nos dê o chocoalhão mesmo...” O próximo dia será determinante na vida dele! Que irá em busca dos seus sonhos, seu ideais, ou não...
O jovem desce afoito, passa na frente do ônibus ainda parado, fora da faixa tenta atravessar... foi uma pancada só... não há tempo para mais nada... A linha JD. Esperança havia chegado ao ponto final... (maestro, música fúnebre por favor! ok...)

(vide 'A hora da Estrela')

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Tesoura


Tesoura, traduz todo tempo
Tímido, transcrevo trissílabos
Traço tangentes transversais
Troco todos teus títulos:
(Thamires, Tereza, Taninha, Thaís)
Toco teu tudo translúcido
Transparências traduzem teu torno
Tiro tua travessura toda!
Te tenho...te tateio, te trago!
Tão tentador teu tornozelo,
Teu tronco tingido! Tua trança tipicamente torcida
Tocha, tu te tornas! transpir-ação. Transfusão. Tesão!
Trans-feri-me toda tua tranqüilidade
Teu tronco, teu território
Transpassa todo tempo...
Três e trinta três, tempo terminado...
Trivial. Tempo transado!
(- táxi..? 30,00...)
Tanto tempo tragado...
Tempo-tesouro,teimoso, tão tudo!
Tempo tão tolo... tão tosco, tão tedioso
Tudo transcorre tranqüilo...
Transverso, traiçoeiro, te traio...
Trucido todo tesouro testado
Triângulos - toda tolice tratada
Tanta ternura, toda trocada
Travesseiros testemunham tudo...
Tentado! Torno -me tolo... tentado, te traio!
Também, torno-me tendencioso
Tanto teatro tricoteio, tentando trazer , talvez...
Talvez..., ... Tarde! Tempo terminado.
Tarântulas tecem teias transcrevendo toda transgressão!
Tudo torna-se tchau! Tesouras trituram tua tez...
E o tempo, ao invés de ajudar! Trucida teu tudo...

(desafio da letra T, "tédio com T, bem grande pra você)

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Meus heróis morreram de overdose


Pelo que vejo se foi a censura
E o que ficou nada mais foi
Do que tão somente a pura frescura
A desculpa se findou
Com o fim daquela tortura
Quem sabe um dia serei
Ministro da cultura!

Pelo que percebo nada mudou
Se não temos impedimentos
O que temos é a falta do que dizer
Preferíamos ao constatar este terror
Que vivêssemos novamente a ditadura
Ou tempos de Lennon de Paz & Amor

Na ditadura, tínhamos heróis
Ou pelo menos tema para fazê-los
Estou certo de que enfrentaríamos
E a colocaríamos debaixo da Nossa Lei
Muito mais fácil que ir ao twitter
E dizer: fora bandidos! fora Sarney!

Iríamos para cima
Certos de que poderíamos derrotá-la
Sabendo que Ela, fragilizada, recuaria:
Melhor é ter uma bandeira a defender
A viver de hipocrisia!
Melhor é ter uma bandeira a carregar
A viver este tempo besta de estar procurando
Frases no twitter para poder se expressar...

Seria bem-vindo o regime militar
Não ser exilado, nem fuzilados, eis o desafio
E aos que conseguissem, vangloriar-se-iam
E teriam o que twittar...
Pois se era o duro regime que os limitavam
Com tanta liberdade hoje, onde estão?
Pois se tem lápis, tempo, saúde para gritar
Será que não podem ver nossa gritante situação?

Mas hoje estamos todos aflitos,
‘A paz’, é o maior dos conflitos!
Se não se vê sangue, não há no que se inspirar
A liberdade é o nosso ponto fraco
Aquiles! Proteja teu calcanhar!


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Abaixo, só para descontrair, segue uma reportagem da morte de Jhon Lennon
no JN. Vi esses dias, e achei muito interessante o seguinte, como era diferente
a maneira de se expressar dos nossos jornalistas. E como o Pelé naquela época
já falava tanta bobagem. E o Gilberto Gil então, nem se fala... prestem atenção
no depoimento dele!

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Aula pra quê?


Bom, o assunto é complexo. O assunto é delicado. O assunto é polêmico e já muito debatido, mas vamos lá. Cada dia aparecem novas alternativas, técnicas, orientações, soluções, sobre a melhor forma de se ensinar. Muitas delas, infelizmente, não condizem com a realidade de um país como nosso – tão grande e tão cheio de problemas. O governo, ao mesmo tempo que, fecha os olhos para os grandes apelos sociais e constitucionais, como saúde e educação. Quer passar uma imagem de governo para o povo. Governo que incentiva, que faz muito pelas classes menos favorecidas economicamente. Confesso, que me senti mal com a nova propaganda do MEC “seja professor” faltou a segunda parte “e morra de fome e se torne frustrado, depressivo...”
Porque, afinal, o que é ser professor hoje em dia? Seria preciso um debate muito amplo para responder uma pergunta como esta. O professor é papel fundamental para o futuro do país. Claro, concordo plenamente, todavia, é o mais desvalorizado entre os profissionais de nível superior. O professor tem além de sua jornada de trabalho, de, às vezes, três turnos que, trabalhar outras tantas horas no preparo das aulas e correções de provas, trabalhos, orientações de pesquisas e afins. E não ser valorizado a altura, gera uma grande insatisfação, obviamente. Esta insatisfação, no entanto, é amenizada, em partes, quando se vê na expressão de alguns dos nossos alunos a vontade de aprender, a gana pelo conhecimento, as aprovações deles em concursos, vestibulares, enfim, os resultados. Mas este é também um ponto que nos deixa apavorados. Sim, o que se percebe é que se há alguns alunos que são motivo de orgulho, a maioria deles nem sabe o porquê de estar na escola. O porquê de tantas aulas e de tanto conhecimento que, parece que nunca servirá de nada. Não são poucos os alunos que pegam o professor de calças curtas, em meio aquelas aulas teóricas e cansativas, com esta questão: “professor, mas quando é que vou usar isso na minha vida...?” Somos de uma cultura que não prega o conhecimento como uma virtude, como algo enriquecedor. Se não houver um porque muito bem elaborado, a maioria, não se interessa por aprender: “Professor, Português até que vai, mas literatura pra quê?” Para nada, é a resposta que eu gostaria de dar! Para nada, estão todos dispensados, podem ir. Sim, porque eu me recusaria a dizer: “você tem que saber, porque cai no vestibular...” O vestibular, ao mesmo tempo que é um erro na minha cabeça, é extremamente necessário, se tomando uma outra visão. Um erro por quê? Porque faz com que todas as escolas de Ensino médio, sobretudo as particulares, treinem exaustivamente seus alunos a decorarem... Decorarem e decorarem. Se pegarmos, como exemplo, a literatura, tão rica, tão apaixonante, percebemos que esta, é muitas vezes deixada de lado pelos já universitários. O raciocínio para mim é lógico: “agora não preciso mas dela” uma vez que sua função era o quê? Fazer com se passe em vestibular. Sim, e tanta decoreba, tanto sofrimento, em tempos de Ensino Médio, faz com que muitos a odeiem. E não é difícil de se ouvir: “eu detesto literatura...” nos corredores das escolas. A pancada é tão grande, que muitos só redescobrem (descobrem) o prazer da leitura, anos mais tarde, quando em um dia comum, um livro qualquer, que ninguém o obriga a ler, surge de repente na sua mão. O que sou contra? Sou contra a literatura que faz ler por obrigação. Sou contra a aulas que vão cobrar resultados, como que para fins específicos. Ensinar, no meu ponto de vista, não é isso. A finalidade, principal, de tanto conhecimento, para mim, é tornar o aluno, o aprendiz, como preferem, uma pessoa capaz de escolher... fazer escolhas! Ter o poder simples de dizer: isso me serve, isso não. Isso é bom, isso é ruim. Sou bom nisso, sou bom naquilo. Tornar o futuro profissional, um ser que pensa! Não preparar aulas cansativas, que despejam conhecimentos e não fazem pensar. Aulas com o intuito de colocar seus alunos dentro de uma faculdade.
Todavia, as faculdades particulares, estão colocando em suas salas de aulas, alunos, com cada vez menos preparo. A maioria das faculdades privadas, isto na minha visão, tem aberto a porta a pessoas totalmente despreparadas. Há vestibular, mas este se tornou banal. Segundas, terceiras, quartas, quinta chamadas. Se vestibular é ruim, sem vestibular é ainda pior. Afinal, que tipo de profissionais estarão sendo colocados no mercado de trabalho? Há uma facilidade enorme para se entrar em universidades particulares: “pode pagar, então vem” é assim que vejo. O que torna o nível dos profissionais baixo. Mas, as universidades particulares ficam em meio a um grande conflito. Pois é fácil entender que se “apertassem” um pouco mais em suas seletivas, muitos cursos estariam hoje fechados, quiçá, muitas faculdades.
Esta realidade chega a ser cruel. Pois se pensarmos a fundo, tudo gira em torno de números, economia e resultado. É constitucional que todos tenham o direito de aprender, de se escolarizarem. Mas já não há o interesse por se tornar um profissional da educação em um país que “luta” para se tornar desenvolvido, mas não consegue ser coerente nas míninas coisas... E, é como desespero que vejo a campanha do governo federal, “seja professor” pois como atender suas promessas de melhoria de ensino, como atender a constituição, como mostrar aos outros países melhores notas e resultados, quando a cobrança vier...? Como sem professores??? Ou com professores cada vez piores... E estes resultados tem que ser bons, para que o Brasil continue a vincular entre os países emergentes. Continue a atrair investidores, continue a participar de congressos, fóruns...
Mas o governo, agora, respira aliviado... O Brasil vai sediar a COPA e também as Olimpíadas. O que, para ser sincero, só me deixa mais triste. Saber que o Governo é muito atuante, quando o retorno lhe interessa. O governo faz parcerias, consegue atrair investidores. Luta. Vai atrás. Quando percebe uma grande oportunidade de retorno, que enche os olhos do brasileiro, enche o brasileiro de orgulho... Estão previstos 25 bilhões de dólares para receber as Olimpíadas no Brasil. Uma pergunta é: quanto desse dinheiro será mesmo investido para esse fim, quanto tomará rumo desconhecido... ?
Bom, que tenhamos uma boa Olimpíada, que tenhamos uma grande copa do mundo. Pois teremos que investir muito dinheiro, e trabalhar demais. Dinheiro que não é investido nem em saúde, nem em educação, nem em transporte, nem em nada. Aí vão me dizer, mas o governo criou o PROUNI. Que nada mais é que um incentivo para que os alunos tenham como pagar as suas faculdades particulares que, caminham para o seu fechamento. Não vejo o PROUNI como uma excelente alternativa... Longe disso, o PROUNI, é mais uma maneira do governo de repassar a sua responsabilidade de oferecer educação a todos... O governo repassa o seu papel às instituições privadas. E nós, pagamos duas vezes. Enquanto pagadores de impostos... Mas as estradas também estão sendo todas privatizadas. Ou você não paga pedágio por estradas de qualidade? A saúde é também privatizada. Ou se morre na fila do SUS, ou se tem um plano de saúde pago, o “melhor é viver, o segundo melhor é UNIMED...” E a saúde que é de nosso direito, aquele garantida por constituição, estaria em que colocação nesta tabela? Melhor nem pensarmos muito...
Por fim, me resta dizer que, o governo, enfim, acordou para a questão da falta de professores – porque educação é constitucional – “Educação, a gente vê por aqui”. E os professores e pesquisadores e lingüistas vão continuar – nem todos, mas muitos – com o discurso afinado de que nós, professores, formamos cidadãos. Quando na verdade, não só, nós professores, mas nós sociedade, formamos é marginais. Por culpa de quem? São tantas as culpas que não se acham mais os responsáveis. Enquanto isso, nas salas de aula de todo o país, os alunos, mais capacitados que os professores, continuarão com a mesma dúvida cruel: Essa aula pra quê, professor? Não vou saber responder, aula pra quê? Se o presidente, líder máximo de um país, não estudou... E o pior, se orgulha de dizer isto. E o pior, emociona ao dizer: “meu primeiro ‘diproma’ foi ser presidente da ‘repubrica’!

domingo, 4 de outubro de 2009

Chavão necessário

Eu até tentei escrever um poema de amor
Juro que tentei! Rascunhei folhas e folhas
Para amassá-las e jogá-las em um lugar
Onde um coração magoado e desconfiado não pudesse achar!
Eu até tentei... mas minhas palavras se estouravam feito bolhas
Quando tocam em qualquer coisa pelo caminho
Coisa nenhuma, coisa que não é amor - coisa que é espinho!
Ou o que for que nem sei! Tentei... Tentar, tentei!
Sei que tentei, passei por cima das angustias e barreiras
Saudades, lembranças, dores, risos... faltas
Me faltaram palavras, como gravidade aos astronautas
Você não é, nunca foi, e nem será a minha metade
Não! Sem você não chego a meio - você é desigualdade!
Sou menos, sou incompleto, passo despercebido
Sou discreto... inibido, incompetente, aflito
Não consigo olhar futuro nenhum, admito!
Não sou rei, não sou chefe de nada!
Não sou feliz e nem sou poeta
Não sou dono do meu nariz
Não sei qual minha meta!
Não encontro o porquê d'esse meu escrever diário
Sem você, não sou mais que um Chavão Necessário!
Sem você eu falto
Não sou dono de mim mesmo
Sou chão, sou asfalto
Vivo a esmo!
Não sei escrever poema nenhum de amor
Não sei encontrar as palavras que antes moravam no topo da mente
Sem você sou 'sengracez' de um quadro incolor
Sou a idéia tentando fazer-se viva... inutilmente!


O discurso exagerado de quem ama - na idéia de quem não sabe viver sem o outro - e que o outro o completa é um chavão. Porque todos quando amam, ou se apaixonam, ficam vislumbrados com a figura do ser amado... E os elogios superlativados são inúmeros (chavão, porque é comum entre todos) todavia amar, é um estado de graça que só compreende quem está amando (amar, leia-se apaixonado) Então, embora seja um chavão - e entendo que a boca fala do que está cheio o coração - este é o momento mesmo de falar... Porque se tem que ser explicado, que não se trate da experiência alheia... seja da sua! Claro, é o momento de se tentar explicar o porquê de um sentimento mudar toda sua rotina... E fazer planos... Entender o que te deixa neste estágio, cego, louco, mágico. É um chavão! Mas é necessário se dizer! Pelo motivo de que é a sua vez... Você tem que dizer, antes que a maré baixe... e quando se trata de paixão, baixa. A maré baixa...
Paixão é um sentimento contraditório... O mesmo que você não pode viver sem hoje, estando cego, amanhã é aquele que você preferiria ser cego para não voltar a vê-lo. Sendo assim, amor mesmo, poucos vivem. E me reporto a sabedoria das criancinhas (“Todo mundo menos eu e Deus”) (“Comigo não tá”) (“ultiminho”) O amor, é um estado que se inicia com a paixão e que compreende mais coisas (além da paixão) porque quando a maré baixar, outras coisas prevalecerão. Como a boa conversa, compreensão, o compromisso, o carinho e todas as intimidades que foram conquistadas no estado inicial da paixonite... E é isso que manterá a união na esperança de que, posto que é chama, pode voltar a arder! A paixão se fortalece e se desgasta, mas tem que ter amor... O amor é um conjuto! Sim, amor... Esse sentimento necessário, esse sentimento tão chavão ... e por que não dizer, idiota? (sem ou com ambiguidade)

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Aspecto

Todos os dias é preciso parar um pouquinho
E analisar de que forma estamos vendo o mundo
Eu cheguei já a conclusão:
O melhor não é a verdade:
Trabalhe com conveniencias...!
A gente se perde menos...
Para cada situação um olhar
Para cada problema uma solução
Para cada porta uma chave
A solução, ou o fim de tudo
Está quase sempre na maneira de olhar...



Tudo é uma questão de ponto de vista ou sorte

O sexo sem prevenção pode levar à vida, ou à morte


Tudo é uma questão de esperança, desesperança

A porta a sua frente é uma entrada ou uma saída?


O sexo sem prevenção pode levar à morte



Mas também, à vida!

... F I M...

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Perspectiva


Ponto!
Quase acabado
Eu estou tonto
O fim se aproxima
O fim já me enxerga
O fim já me olha eufórico
Não há como negar o meu destino
Todos nós seguimos para o mesmo lugar incerto
O fim está cada dia, minuto, segundo mais perto
Chegamos ao centro de tudo, daqui pra frente só morte
Estamos chegando ao meio, peço que nos deseje sorte
As mesmas cachoeiras, as mesmas cegueiras, não movo
Anda-se muito e nada parece novo
É cada vez menor a estrada
O caminho é muito apertado
Complicado como todo início
Vem vamos embora
Sem promessa
Começa!

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Tuli



Os velhos carrancudos não morrem. Os simpáticos se vão... Os velhos pedófilos, tarados, sisudos, não morrem... Os engraçados, contadores de histórias – nossos avós se vão... Esse ano fui surpreendido com a morte de um destes personagens. Que como tantos, passam pela vida, sem muito terem para dizer... aparentemente... Na visão da maioria de nós, que como jovens, refutamos todas suas idéias! Mas nas entrelinhas, todos têm, muito a dizer!
Tuli era um cabeleireiro antigo da região. Palmeirense, adorava futebol. Adorava falar de política, e como todo bom cabeleireiro das antigas, tinha milhares de coisas a contar. Histórias inúmeras. Fatos. Peripécias. Que hoje, hoje onde estão? Apenas na memória de quem teve o prazer de conviver com ele...
Quando um homem se vai, leva consigo seu conhecimento... Já dizia o dizer filosófico de alguém que a essa altura já levou consigo também seu conhecimento! Mas enfim, quando uma pessoa se vai... leva consigo seu jeito único de falar, gesticular, interpretar a vida... sua maneira singular de ser o que é, e o que não...
Tuli, como todo bom e velho cabeleireiro... tinha muitas histórias a contar! Sabia disso! Sabia que seu conhecimento, um dia não estaria mais ao nosso alcance, e foi por isso, que até os seus últimos instantes, permaneceu ali! Ali, naquele velho e antigo salão... que não se adequou a modernidade, que não ganhou novas cores, com o passar do anos. Alguns quadros. Alguns poster’s. Fotos de peladas. Manchetes de jornais. Destaque para o campeão da vez. Sabia que um dia, ele seria também um quadro ali dependurado... E, então, ali, enquanto aparava as barbas, cortava os cabelos, contava, senhor de si, sobre tudo que viveu e aprendeu no decorrer de sua vida! Tuli, uma destas figuras inenarráveis que sabia destacar muito mais do que Pelé e Coutinho. Que tinha o poder raro da oratória. Excelente comunicador. Contador de causos. Não teve a chance de estudar, certamente. Mas não se fazia ignorante por conta disto! Era um sujeito antenado. Sempre a par das novas. Daqueles que, a seu modo, tinha uma opinião sobre tudo. Muitas vezes de maneira irônica – o que é ótimo - Sabia o Palmeiras de 76, o São Paulo de 77. Sabia o Lula em São Bernardo. Lembrava orgulhoso do início do plano real. Enchia a boca de prazer ao falar do Senna. Lamentava o atual momento da fórmula 1. Achava justa a forma dos pontos corridos do Brasileirão. Se irritava facilmente com a seleção brasileira. Adorava o Romário. Fã do estilo Felipão. Lamentava também a morte de Tancredo Neves. O qual, era pra ele, o último político bom. Lembrava sempre da ditadura militar...
Tinha o Cabelo escorrido. Liso. Fios longos de um castanho agrilhasalhado, característico seu, original. A pele cheia de sardas e marcas do tempo e do sol. Usava óculos de armação arredondadas. Fumava muito! No intervalo entre um e outro cabelo, claro! Com seu jeito simples. De bermuda e regata na maioria das vezes. Azul. Regata azul, é a cor que me recordo e chinelo de vão de dedos. Todo largadão... Estilo paizão no final de semana! E me recordo bem da sua voz rouca me dizendo: “Esse menino tem o cabelinho bão...”
Era um apaixonado por tudo que fazia. Alternava suas atividades de barbeiro/cabeleireiro, com treinador de Escolinha de futebol para crianças carentes. Mas o salão nunca se fechava... Nunca! Para que ele pudesse treinar os meninos, treinou antes o filho para cabeleireiro também... Alguém haveria de se apoderar do trono! Ciente disso, tratou de ensinar o filho sobre a arte de cortar cabelos! Claro, como quem prepara o terreno para pouco a pouco sair sem ser notado... sair sem que não se perceba que saiu... sair sem que se lembrem sua falta! Bobagem! Sua falta é sentida e percebida...Todos os dias! E de lá para cá, sempre que ouço falar de futebol, me lembro muito desta figura, como tantas que se há por aí mas singular e única, como cada um de nós é na sua essência!
O salão continua sendo freqüentado pelos mesmos de antes... seu filho, Ernani, corta os cabelos diversos dos clientes de seu pai. E conta agora, além das histórias que seu pai contava, também as histórias dele. Tuli se transformou também em um daqueles famosos personagens de quem se orgulha de se mencionar! Daqueles personagens que outrora ganhavam vida por força dele. Agora ele é chamado a vida por nós. E não são raros os momentos em que aqueles velhos senhores se emocionam... fingem que não! Mas eu sei... eles escondem os olhos vermelhos de lágrimas sem motivos! Não deveriam! É bonito chorar!
Choro que se fez presente, no rosto de alguns meninos que, treinados por ele, perderam há pouco tempo a disputa do torneio título na grande final. Aprenderam com ele também a perder! Porque na vida não se vence todas. E essa era clássica dele: “enquanto a bola rola, lutamos até o último suspiro, depois que a bola pára, somos de novo iguais” Formava bons times de moleques para além das quatro linhas... Não tinha estrutura nenhuma para fazer. Mas tinha uma coisa que falta para muitos de nós hoje em dia: amor pelo que faz... Fiquei sabendo de sua morte pela TV... acredite! Seu filho estava dando uma entrevista para o canal local, onde um dos homenageados era seu pai e eis a sua frase, que foi de arrepiar e arrebentar o coração: “O corpo já foi, mas o que fica é isso aqui...” Não vou mentir se disser que não chorei. Chorei e muito... A gente nunca sabe o quanto a gente tem apreço por algumas pessoas. Na maioria das vezes, só nessas horas! Só quando essas pessoas se vão...

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Copa Tuli de Futebol Society Mirim tem início

Na manhã do último domingo (8), aconteceu a abertura da Copa Ernani Augusto Pasculi –Tuli de Futebol Society Mirim no parque municipal Antonio Molinari. Quatorze times, com jogadores de 10 e 11 anos de idade, estão disputando o campeonato. A abertura teve desfile das delegações e três jogos. URCP e Viva o Esporte/Mitsui empataram em 1 a 1. Fut-Poços goleou o Projeto Fênix em 4 a 1. E o Cascatinha empatou com o Sesa/Toque de Bola em 2 a 2.Houve ainda homenagens à família do treinador que dá nome à copa, Ernani Augusto Pasculi, que treinou equipes mirins de futebol durante mais de 20 anos. “O ‘tio Tuli’ dava às crianças um conhecimento de futebol, um conhecimento para a vida”
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sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Se não se pode igualar, a dica é reinventar...


Eu enjoei de sonetos
Falo sem me importar com o clero
Me causa constrangimento,
Um par de quartetos
Sem amor, nem sentimento...
Repousar em dois tercetos
Sejam Excomungados! Eu não os quero...

Vou reinventar os sonetos
Sonetos do pós-moderno, chamá-los-ei
Por perfeitos que sejam e por mais força que possa...
Sentenciá-los-ei:
Não serão acompanhados de liras
Nem de Gil, Caetano, piano, nem Bossa...

Neles, os quartetos serão entrelaçados
Entre os versos dos tercetos...
E eu mesmo os tecerei
Em desmedida redondilha
Nem maior e nem menor
Nem à Vinicius e nem a Cecília
Nem melhor e nem pior

Como que versos abraçados
Fazendo justiça aos apaixonados:
Um quarteto para cada terceto!
E ficarão lado a lado...
Cada palavra, pra outra palavra
Que não se combine a bondosa com a brava...
Verso nenhum ficará sem par
E poderás verificar!

E por último me resta salientar:
O juramento de amor será eterno
Não apenas enquanto dure (o inverno)
Ao menos Enquanto durar
O Soneto pós-moderno...!


("Não me levem a sério, se não chego a ser poesia
sou delírio e mistério...")

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Enquanto Ela Cai


Preciso pensar a minha vida
Preciso pensar...
Quando não se pensa, tudo é pedra no caminho
Quando não se pensa a gente sempre cai...
Uma gota cai do beral da casa em direção ao chão
Cai uma gota do beral da casa na velocidade em que eu penso
Admito, penso devagar!
Demoooooro a pensar
Na verdade, não cai uma gota
Caem várias gotas
E eu não penso em uma coisa só
Penso em várias coisas
E enquanto penso... a gota cai
As gotas caem
Várias gotas
Gotas padronizadas
Como se cada gota que caisse
Fosse um que já me fez um mal
Eu lembro!
Uma a uma elas caem
São iguais, invejosas!
Caem e caem
Eu penso devagar
Em coisas complexas eu penso
Viver... Casar... Morrer... Escrever
Penso até em voar!
Namorar...
Ahhh viajar!
Em trabalhar para guardar dinheiro
Para poder sei lá, viajar...
Ficar a toa pra pensar,
Penso em lutar
E eu traço planos pra derrotar meus inimigos
E percebo que inimigos não há
Endeuso-me
Me endeuso,
Torno-me o meu deus
Não quero ser Deus,
Mas às vezes quero encontrá-lo seguindo a minha vida
Penso então, seria possível?
Penso!
Pensamos sempre em moldar tudo para viver feliz:
Uma namorada que se encaixe no meu perfil
Um emprego que se encaixe no meu perfil
Uma maneira de Deus me realizar sempre
Mas se moldar Deus, como será a vida de outras pessoas?
Não pode ser eu penso, eu penso!
Enquanto as gotas despreocupadas nada pensam
Gotas não pensam!
Gotas caem...
As gotas, simplesmente caem!

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Café Filosófico



Diante desta noite, a pergunta que caberá a todos que não passaram os últimos instantes comigo será: onde esteve? E a resposta não será outra senão esta: estive em lugar nenhum! Lugar nenhum, é um lugar onde se precisa estar enquanto os outros vivem a sua vida... estou certo disto. Ser feliz talvez fosse se encontrar consigo... estar com você e você num tempo que não se tem dimensão. A maioria das pessoas não se encontra consigo... vive toda uma vida, quiçá uma história sem saber nada de si... A impressão que se tem é que vivemos todos em tempos errados... Ouvi dizer por aí, que todos nós vivemos a vida inteira em tempo que não gostaríamos... Quando se é criança, a desejar pela juventude, quando se é jovem, a retornar a criança, quando se passa de jovem para velho, a gente quer ser jovem! O dia que conseguirmos ser felizes no tempo em que realmente estamos terei palavras para terminar a minha vida...
Este foi sem dúvida, o principal tema do café filosófico, sem café e nem mesmo filosofia, da conversa que tive comigo mesmo. Marquei comigo numa praça... primeiro me encontrei na rua, e fomos caminhando, como quem anda sem direção... a andar devagar, como quem observa tudo o que a desculpa-esfarrapada-dos-nossos-dias-tão-vazios-não-nos-deixa-enxergar. Claro, prestei atenção nisto! Não é que vivemos na correria, vivemos atordoados, quando não temos um problema ou uma grande preocupação, não sabemos caminhar... vivemos um conflito que nos move, em paz, parece que somos todos inertes. O que movimenta o mundo é a dor de cada um... sem esta, ação nenhuma seria feita, invenção nenhuma teria passado pela nossa cabeça... Outro dia vi em uma reportagem no JN, que no Japão inventaram um estacionamento de uma só vaga! Todos os outros carros, exceto o recém chegado, ficam em plataformas elevadas que se movem qual roda gigante, aí quando você precisa do seu carro, a plataforma com ele gira até que ele fique no ponto onde você o deixou na chegada... Aí vem aqueles comentários: “os japoneses são um povo muito inteligente...” Não vou dizer que não são! É claro que são, um povo que aprendeu a respeitar os mais idosos, é sem dúvida um povo a frente de qualquer outro... Mas a questão é a seguinte, me diz se inventariam um estacionamento deste se não passassem pela necessidade de espaço? Temos que aprender a lutar com o que temos... eu me cobrei por isso hoje! Aliás, eu venho me cobrando por muitas coisas... e uma frase ficou martelando a minha cabeça: A necessidade faz com que nos movamos! A necessidade faz com que nos movamos... a necessidade faz com que... A necessidade faz...
Ouvi um integrante do CQC, dizer em entrevista, que é também músico, além de compositor! E, como sabemos, humorista... Claro que fiquei surpreso! Sim, eu como palhaço, devo admitir que quando as pessoas como a gente vive fazer piadas, todos acham que somos apenas idiotas, que temos a necessidade de aparecer – mas quem não tem? – muitos. Bom, o que eu falava é o seguinte, este integrante do CQC disse que não compunha desde 2005. Perguntado por que... ele sorriu e argumentou que estava passando por um momento fantástico em sua vida e que para compor bem é preciso estar triste! - Uhhh graças a Deus - eu dei graças a Deus em frente a TV! Porque embora saibamos que muitos dos gênios eram depressivos e nostálgicos, ouvir de alguém que para produzir coisas bonitas é preciso estar em uma fase triste, fez eu me sentir um pouco valorizado...
Bom, então, a necessidade move o mundo... Eu sempre achei! E minha parte eu darei assim escrevendo! Escrevendo? É, escrevendo...! Por que Messias? Porque Escrever é de certa forma ter um encontro pessoal com quem mais te entende e com quem menos te entende... com quem mais te cobra e com quem te deixa livre... escrever é tirar um tempo de lazer com quem mais te ama; você! Escrever é vida! E estas linhas foram esquadrinhas todas do meu coração, ainda que nada que eu escreva seja verdade... este sou eu, e nada aqui é mentira. Escrever é um momento de paz que se tem consigo... estes momentos costumam ser libertadores – para todos, viu Corinthianos? – costumam ser libertadores... é preciso assumir o controle da sua vida... a maior frustração que se pode ter é de repente não entender porque se faz aquilo que se está fazendo! Pense nisso! De que adianta ter um bar e viver para os outros? É estranho pensar que o bar é seu, mas quem determina a hora que deve ser fechado são as outras pessoas... é o movimento...
Fiquei duas horas na praça pensando - não pensando – porque pensar me dá uma idéia vaga de deixar o pensamento livre – a imaginar coisas absurdas e sem nexo, nem ordem, nem lógica, longe de serem reais... fiquei a dialogar comigo! Numa linha coerente de pensamentos. Sabendo mais ou menos onde este papo me levaria... Sabendo onde eu iria chegar... Havia alguns ciganos metidos a cantores castelhanos cantando canções animadas que não condiziam com o meu coração... Não tenho nada contra ninguém mas estaria sendo mentiroso se disser que não desejei a morte de cada um deles. Arrependi-me imediatamente! Foi trágico saber que cigana que dançava músicas não-ciganas num descuido dela e do malabarista, acabou quase tendo o corpo tomado por chamas... Todavia Zeus ou Apolo a socorreu naquele instante, ou qualquer outra divindade, da mitologia grega-latinha-romana-americana... Curioso é ver a praça cheia de gente e muita animação no coreto... e música e atrações para alegrar os muitos turistas de mais uma Olimpíadas Escolares... Cidades turísticas são assim, a prefeitura trata com muito carinho seus hospedes - que vêm rir e zombar das nossas tradições mineiras... E corta os benefícios dos seus funcionários públicos... cuida das praças e dos monumentos, porque quem chega olha isso, olha só isso... e deseja em sua mente fantasiosa ter um prefeito igual em sua cidade! Meu Deus, afaste destas cabeças estes desejos... vai ser melhor pra eles...
Muitas imagens haviam na praça... a bunda redonda da menina de rosa e short Jeans, sem papo, não dialogava comigo... mas talvez com muitos outros... não dialogava comigo suas pernas grossas... eram apenas imagens ilustrativas de um povo, vivendo ou agindo naturalmente, sem que lhes fossem conhecido o seu observador... A menina sem diálogo não era a da bunda bonita, era a de pensamentos filosóficos. Mas esta não conhecerei, o banco permaneceu vazio... Sem ninguém sentado ao nosso lado, apenas eu e eu... Sim, para entender além do que se vê é preciso diálogo, e uma visão narcisistas é tudo o que não quero para mim. Quero conhecer de mim além do que vejo... e infelizmente quando não se pára para realmente dialogar com alguém com vida, todos os nossos diálogos são visuais e com bundas!

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Imortal (Analisando a letra)



É bem assim que estou
humrum, assim, né? Assim como?!Bem assim, ué...
É tudo que restou
Eu tive que escolher entre eu e te perder
Maldade! A vida apronta pra gente.
Mas fez a escolha certa,
porque se escolhe se perder em vez de perdê-lo
teria sido pior! E não minimize
este “tudo que restou”
Porque se a escolha foi feita, e você o perdeu,
este tudo o que restou é você!”
Que pena tudo acabou...
(não adianta chorar pelo leite derramado)
Eu cresci agora sou mulher
(ah! revelação)
Tenho que encarar com muita fé,
O que quer dizer que antes de ser mulher não podia encarar com muita fé? Isso leva a crer que as crinaças não têm fé?! Que a tedência é as meninas se tornarem mulheres (com fè) Que a Sandy nunca foi o catecismo? Nem a igreja! porque quando criança estava ocupada demais cantando “Maria Chiquinha?
Seria o bastante.
É seria o bastante... Seria o bastante o quê?
Eu vou seguir o meu caminho e te esquecer
Pensar um pouco em mim tentar viver,
Pense em você realmente, afinal é “tudo o que restou”
seria o bastante. (?)

Vo-cês:

O que é imortal
Não morre no final (Sic!)

(nem vou comentar, tirem suas próprias conclusões)
Aliás, reflitam sobre...
Você já tinha parado para pensar que
“o que é imortal não morre no final...?”

E se distante é assim...
Não entendi:
“E se distante é assim” hein?
Alguém pode me explicar?
Isso não vai ter fim
Nem que eu quiser você sai de mim
Eu já tentei mas te esquecer assim.. não dá...
Quem escolheu fui eu
(“Agora agüenta coração”)
E tenho que aceitar
Mas não foi erro meu,
(importante é estar em paz consigo mesmo, engole o choro!)
você no meu lugar
Faria exatamente igual
(Igualzinho! Principalmente na parte de encarar com muitafé, pois agora eu cresci e sou mulher)
Eu cresci agora sou mulher
Tenho que encarar com muita fé,
seria o bastante.
Eu vou seguir o meu caminho
e te esquecer
Pensar um pouco em mim tentar viver,
seria o bastante.
E se distante é assim..
(Essa eu não entendo)
Isso não vai ter fim
(Essa eu entendo: o imortal não tem fim)
Nem que eu quiser você sai de mim
Eu já tentei mas te esquecer assim.. não dá..
E se distante é assim
O que é imortal...

domingo, 13 de setembro de 2009

Amor para um soneto


Nem por teus olhos azuis
Nem tua boca provocante e carnuda
Nem tua pele macia, que sem laços
toda a tua beleza desnuda

Nem são tuas palavras doces
Nem teus cabelos esvoaçantes
Nem ainda teus gestos mais puros
que trazem a tona verdades emocionantes

Nem por tua força de menina
Ou tua coragem de enfrentar
Inimagináveis desafios

Estás em mim desde sempre e para sempre
Porque és mistério e mistério no ar
A perder-se nos longos e lindos assovios...

A ti não dedicarei nenhum livro
Nem poema, sequer um soneto
Para mim, tu não cabes
Em dois quartetos e dois tercetos
_________________________
(és mais que amor para um soneto...)

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Morango do Nordeste (Analisando a letra)

Morango do nordeste



Estava tão tristonho quando ela apareceu
Seus olhos, que fascínam logo estremeceu
(Lindo isso, seus olhos que fascínam o quê?
Fascinados por você? bom deixa essa parte!
Seus olhos estremeceu??? Ah tá, plural pra quê?)

Os meus amigos falam que eu sou demais
Mas é somente ela que me satisfaz
(Ou seja, os amigos dele pagam maior pau pra ele
por assim dizer)
"Mas é somente ela que me satisfaz"
é muito esclarecedor e vem comprometer os amigos perante
o meio em que vivem! Claro!
Porque vem mostrar que não apenas o admiram como quem diz
"você é o cara" não.
Eles estão a fim dele mesmo. Estão a fim, mas em vão...
Mas não adianta sonharem, afinal é somente ela quem
o satisfaz)
E ele está convicto:
É somente ela que me satisfaz
É somente ela que me satisfaz
É comente ela que me satisfaz

Você só colheu o que você plantou (???)
Ele está falando isso pra ela?
Quem é o VOCÊ desta música?

Por isso é que eles falam que eu sou sonhador

(Ah sim, por isso que eles falam que você é sonhador, né?
Porque você só colheu o que você plantou!
se não tem este "por isso" não teria sentido...)

Me diz o que ela significa pra mim
(E eu é que tenho que saber?)
Se ela é um morango aqui do nordeste
Tú sabes, não existe
(Não existe o quê? Morango do nordeste?)
sou cabra da peste (Não duvido)
Esta parte é linda, vamos todos cantá-la juntos:
Apesar de colher as batatas da terra
Com essa mulher eu vou até pra guerra
E vai levá-la para guerra pra quê?
Escudo???
Agora entendi a parte do
"me diz o que ela significa pra mim"
Pra levá-la à guerra não deve significar muito

Aaaaaaaiiii, é amoooor
ai ai ai é amor...

E ainda diz que é amor!
Apesar de você colher as batatas da terra, desculpe
Eu não entendi nada!


Algumas observações:

Morango do Nordeste é uma canção composta por uma dupla pernambucana, que fez grande sucesso no final do século XX, sendo sucessivamente regravada por diversos grupos e cantores brasileiros.

Gravações principais
Com o sucesso da música, ela foi, em curto espaço de tempo, gravada por Chiclete com Banana, Karametade, Frank Aguiar, Wanderley Cardoso e outros.

A composição, feita pelos desconhecidos autores pernambucanos Walter de Afogados e Fernando Alves, fez sucesso após a gravação inicial por Lairton dos Teclados, no ano 2000. A música foi a preferida do público brasileiro, naquele ano, segundo dados do ibope.

Ref. http://pt.wikipedia.org/wiki/Morango_do_Nordeste

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Start


O que aconteceu? O mundo parou...
E um homem continua, mas parece ter perdido a graça
Cadê a pressa? Cadê os carros?
As pessoas com suas sacolas grandes disputando o melhor da calçada?
Cadê os ambulantes oferecendo relógios e bugigangas?
Gaiteiros, caminhão de laranja doce, doce, doce... Cadê...
Não se mexem os ponteiros... os relógios
Não se mexem as crianças que vivem atropelando tudo... os relógios
Não se encontram mães a uniformizar seus filhos com o azul-marinho escolar...
Semáforos, sorveteiros... metrôs...
Aviões, prédios, construções... Tudo, tudo parou...
Ele, que já não agüentava estar tão sobrecarregado,
Vestir o uniforme de super herói mal pago todos os dias
E ter que salvar a todos os pobres e aflitos
feito protagonista de Malhação, estranhou...
Aquela terrível ausência de sofrimento repentino o assombrou
Em plena a luz de sol forte, radiante num céu dum tom azul... azul...
Azul que não importa agora... A voz de tudo se calou...
Vento não há! Choro não há, pranto não há... e não há também sorriso
O que aconteceu? O mundo, este mundo... parou
Todas as ruas eram dele... podia avançar o sinal...
Podia andar na contra-mão
Tirar suas roupas e nadar nu na fonte da praça central
Tanta liberdade... o desanimou...
Todos os sonhos não tinham sentido...
Carros, mulheres, praias, mansões...
Queria fugir para um deserto... um deserto real
Afinal, tudo era deserto, embora não desertificado ainda
Tentou chorar, mas suas lágrimas também o negaram. Como tudo...
Correu... correu... e seguiu, meio desconfiado de que fosse uma armação
A linha de chegada estava a poucos metros de distância
E já e via...
Mas não havia concorrente, não havia rival,
não havia ninguém a entoar um grito com seu nome!
Torcer por ele... Nem contra... não há quem premiá-lo...
não há quem festejá-lo
Ninguém vai vê-lo vencer...
Então ele pára também...
coça a cabeça, olha o horizonte estático
O céu de sol... e as andorinhas? Paradas!
Ele volta confuso, triste... desiludido! Sempre quis vencer...
Sempre quis chegar... sempre quis parar o tempo
E agora que o tempo parou, que a vida parou, o mundo parou
As barreiras sumiram, a noite não veio amedrontar
O que amedronta é o desconhecido
Enquanto lamenta a alegria alheia:
Todos, todos em Acapulco!
Sentado à mesa do Café do Ponto mexe o mundo cheio de adoçante
Que gira lento na xícara de café...
E pede, chora e baixinho suplica: gira mundo, gira...
Se o mundo girasse saberia me orientar!
Haveria então de chegar a manhã seguinte!
E veio com ele acordando atrasado para o trabalho,
mas sem desejo de conjugar o verbo parar!
Os comércios todos já haviam escancarado suas portas
Não havia sol, só chuva! Chuva forte, torrencial...
Na cozinha, puxou a folhinha amassando com enorme prazer aquele dia miserável,
Era 8 de setembro já... e depois de um descanso melancólico ao extremo...
Alguém esbarrou no Start e tudo voltava ao normal...