terça-feira, 20 de novembro de 2012

Vinde a mim


 
 
 
 
 
 
 
 
 


Eu estou cansado dessa gente sem valor nenhum
Dessa gente sem brilho nos olhos
Dessa gente que gargalha do que julga inferior
Dessa gente mal amada, sem certezas, sem amor
Estou cansado desses pseudorriquinhos que ficam por aí de bar e bar
E o pior: bancados pelos pais!
Estou cansado destas músicas que retratam na verdade o que nos tornamos
Pessoas interesseiras, se vendendo, se desvalorizando
Estou cansado desse país cada vez mais escabroso nas mãos de gente tão má intencionada
Que me tira o apetite! Que me causa indigestão!
Estou cansado deste sistema tenebroso no qual o mundo está mergulhado
Estou cansado dessa total falta de sensibilidade que todos têm adotado
Cansado dessa idolatria, dessa permissividade, dessa deslealdade que vemos de lado a lado.
Estou cansado dessa gente mentirosa vendendo a imagem de um Deus crucificado
Um deus, com d minúsculo que não é Aquele que por nós morreu.
Pois Aquele não pedia dinheiro pra nada, não pregava a prosperidade financeira
Era taxado como um desordeiro, porque dói... dói nos outros quando se é verdadeiro.
E eu, estou cansado!

sábado, 3 de novembro de 2012

(Des) Necessária Ilusão


 
 
 
 
 
 
 
Confesso que, durante um tempo, tinha confuso em minha cabeça os conceitos de Ilusão/desilusão. Como defini-los? Identificá-los? Não sabia! Seria prático dizer que toda ilusão leva a uma desilusão. Seria prático, não poético. Seria fácil dizer que a segunda não existe sem a primeira. Seria plausível dizer que as duas se opõem. Seria triste entender que é melhor estar desiludido do que iludido. Porque por mais que eu queira ver a ilusão como algo bom que me motiva e me põe pra frente, minha racionalidade tão sofrida me aponta para a enganação.

Todavia, a palavra ilusão carrega no seu peito uma subjetividade de conceitos. O que torna complexa por demais qualquer constatação. Se a ilusão é a confusão de sentidos, como me propõem os dicionários, se a ilusão leva a uma percepção irreal, se é uma maneira de fuga da realidade, seja por consciência ou não, eu não sei. Mas iludir-se pode ser bom. Seguindo a linha do eterno enquanto dure ouso dizer que Ilusão só é saudável quando se é saudável e espero nisto poder ser compreendido...

E digo isso sem medo de estar falhando e, sobretudo, sem a intenção de estar te iludindo... penso que não dê para falar sobre ilusão sem chamar à memória nossos relacionamentos. É muito forte em nós, a constatação, após o fim de um namoro, a afirmativa ‘foi só ilusão’, ‘me iludi mais uma vez’. E é por isso, que vejo a ilusão como arma maior da paixão. Somos iludidos por aquilo por que nos deixamos iludir, mas iludir no sentido de se apaixonar. A paixão cega e,  por que não dizer, ilude?! Sim, quão bom é estar apaixonado, quão ruim é pensar que fomos enganados. Quão libertador é imaginar que estamos desiludidos, posto que a desilusão revela a verdade outrora ignorada... No entanto, quão sem graça seria o namoro sem aquela total entrega que nos permite a ilusão. Claro, não nos entregamos a qualquer ser. Buscamos por pessoas interessantes que beiram à perfeição. Não existem tais pessoas, mas nós, enquanto iludidos, vestimos na pessoa desejada a roupagem da nossa psíquica imaginação. E partir dela, quantas boas histórias e quanta emocionante recordação. E daí, se recordando a gente chora? Chorar alivia a tensão.

Contudo, ilusão não pode ser tomada, exclusivamente, como um o sentimento de um ser por outro – como uma paixão. A gente se torna iludido por tudo aquilo que pensa que ama e, não encontra nesse amor razão. Sim, iludir-se pra mim é obedecer às vontades cegas do coração. É agir por instinto, pela emoção... quase enfeitiçado, inebriado, sob efeito de uma substância que encoraja a mentir pra si próprio sobre o perigo que nos proporciona tal condição. Sim, iludir-se faz um mal danado ao já calejado coração.  Mas gosto de me iludir, às vezes, pois iludido me animo a fazer loucuras que a minha racionalidade tão chata tanto me diz não.

Estar iludido é um mal necessário que sempre eleva meu discurso a um status de indecisão. Se a verdade liberta, implicitamente, percebe-se que a mentira prende. E olha o vasto mundo de significados que cabem neste contexto. É intertextual e ilimitado. Poético, sem deixar de ser céptico. Me remete a pensar sobre a criação de todas as coisas, e confrontar o que chamam de fé burra, ciência e religião. Noutro momento, me faz reduzir todo seu sentido a uma mulher que faz pulsar descompassado o meu peito sem aparente razão. Sentimento que faz esquecer o que não posso, o certo e errado, tão complexo e questionado acerca de qualquer condição. Ilusão encarnada numa mulher, faz com que a prioridade seja ela, acima de qualquer suspeita, defeito, sequela... idolatrada, salve, salve seja a pessoa que nos aprisionou, nos iludiu. Gosto ou não gosto? Vamos para uma outra percepção... O ideal seria que pudéssemos nos iludir e não alcançássemos a desilusão.

E a ilusão fala acerca de tudo, proponho alguma personificação, explico: Se ilusão fosse um time de futebol seria o Corinthians. Se fosse um político, o Collor. Se fosse uma revista, seria a Playboy, um programa de TV fosse, talvez, o BBB. Se ilusão fosse uma cidade, seria Brasília, se fosse um livro, seria do Paulo Coelho, ou melhor, um qualquer que dê dicas sobre motivação. Se ilusão fosse dinheiro, seria o nosso Real, se fosse um piloto, creio que o Barrichello, se fosse uma igreja, seria a Universal, se fosse uma música, seria Imagine, se fosse um cantor, Michael Jackson. Fosse um carro, talvez, um Camaro Amarelo, fosse um movimento, seria a Sociedade Alternativa, fosse um processo interativo, seria a Globalização... se a ilusão fosse uma mulher... bom..., não quero me iludir com você.