Confesso que,
durante um tempo, tinha confuso em minha cabeça os conceitos de
Ilusão/desilusão. Como defini-los? Identificá-los? Não sabia! Seria prático
dizer que toda ilusão leva a uma desilusão. Seria prático, não poético. Seria
fácil dizer que a segunda não existe sem a primeira. Seria plausível dizer que
as duas se opõem. Seria triste entender que é melhor estar desiludido do que
iludido. Porque por mais que eu queira ver a ilusão como algo bom que me motiva
e me põe pra frente, minha racionalidade tão sofrida me aponta para a
enganação.
Todavia, a
palavra ilusão carrega no seu peito uma subjetividade de conceitos. O que torna
complexa por demais qualquer constatação. Se a ilusão é a confusão de sentidos,
como me propõem os dicionários, se a ilusão leva a uma percepção irreal, se é
uma maneira de fuga da realidade, seja por consciência ou não, eu não sei. Mas
iludir-se pode ser bom. Seguindo a linha do eterno
enquanto dure ouso dizer que Ilusão só é saudável quando se é saudável e
espero nisto poder ser compreendido...
E digo isso
sem medo de estar falhando e, sobretudo, sem a intenção de estar te iludindo...
penso que não dê para falar sobre ilusão sem chamar à memória nossos
relacionamentos. É muito forte em nós, a constatação, após o fim de um namoro,
a afirmativa ‘foi só ilusão’, ‘me iludi mais uma vez’. E é por isso, que vejo a
ilusão como arma maior da paixão. Somos iludidos por aquilo por que nos
deixamos iludir, mas iludir no sentido de se apaixonar. A paixão cega e, por que não dizer, ilude?! Sim, quão bom é
estar apaixonado, quão ruim é pensar que fomos enganados. Quão libertador é
imaginar que estamos desiludidos, posto que a desilusão revela a verdade
outrora ignorada... No entanto, quão sem graça seria o namoro sem aquela total
entrega que nos permite a ilusão. Claro, não nos entregamos a qualquer ser.
Buscamos por pessoas interessantes que beiram à perfeição. Não existem tais
pessoas, mas nós, enquanto iludidos, vestimos na pessoa desejada a roupagem da
nossa psíquica imaginação. E partir dela, quantas boas histórias e quanta
emocionante recordação. E daí, se recordando a gente chora? Chorar alivia a
tensão.
Contudo,
ilusão não pode ser tomada, exclusivamente, como um o sentimento de um ser por
outro – como uma paixão. A gente se torna iludido por tudo aquilo que pensa que
ama e, não encontra nesse amor razão. Sim, iludir-se pra mim é obedecer às
vontades cegas do coração. É agir por instinto, pela emoção... quase
enfeitiçado, inebriado, sob efeito de uma substância que encoraja a mentir pra
si próprio sobre o perigo que nos proporciona tal condição. Sim, iludir-se faz
um mal danado ao já calejado coração. Mas gosto de me iludir, às vezes, pois iludido
me animo a fazer loucuras que a minha racionalidade tão chata tanto me diz não.
Estar iludido
é um mal necessário que sempre eleva meu discurso a um status de indecisão. Se
a verdade liberta, implicitamente, percebe-se que a mentira prende. E olha o
vasto mundo de significados que cabem neste contexto. É intertextual e
ilimitado. Poético, sem deixar de ser céptico. Me remete a pensar sobre a
criação de todas as coisas, e confrontar o que chamam de fé burra, ciência e
religião. Noutro momento, me faz reduzir todo seu sentido a uma mulher que faz
pulsar descompassado o meu peito sem aparente razão. Sentimento que faz
esquecer o que não posso, o certo e errado, tão complexo e questionado acerca
de qualquer condição. Ilusão encarnada numa mulher, faz com que a prioridade
seja ela, acima de qualquer suspeita, defeito, sequela... idolatrada, salve,
salve seja a pessoa que nos aprisionou, nos iludiu. Gosto ou não gosto? Vamos
para uma outra percepção... O ideal seria que pudéssemos nos iludir e não
alcançássemos a desilusão.
E a ilusão
fala acerca de tudo, proponho alguma personificação, explico: Se ilusão fosse
um time de futebol seria o Corinthians. Se fosse um político, o Collor. Se
fosse uma revista, seria a Playboy, um programa de TV fosse, talvez, o BBB. Se
ilusão fosse uma cidade, seria Brasília, se fosse um livro, seria do Paulo
Coelho, ou melhor, um qualquer que dê dicas sobre motivação. Se ilusão fosse
dinheiro, seria o nosso Real, se fosse um piloto, creio que o Barrichello, se
fosse uma igreja, seria a Universal, se fosse uma música, seria Imagine, se fosse um cantor, Michael
Jackson. Fosse um carro, talvez, um Camaro Amarelo, fosse um movimento, seria a
Sociedade Alternativa, fosse um processo interativo, seria a Globalização... se
a ilusão fosse uma mulher... bom..., não quero me iludir com você.