quarta-feira, 25 de maio de 2011

(... Não vá chorar...














daria...
daria sim...
daria, claro que daria!
mas eu não quero mais...
daria!
daria... eu sei
daria, eu sei que daria
mas eu não quero mais
mas é sempre bom lembrar:
daria!
daria sim
claro que daria
mas pra que pensar que daria?
Não deu! Não foi. Não fui...
não fiz, não tentei
Não tentei, mas daria
daria... mas não deu
Não deu, no entanto, sabemos
temos a certeza idiota
A certeza idiota e besta neste momento
e algo força a cabeça pensar
e algo insiste em martelar e maetela e martelar...
e algo nos faz remoer
e algo nos comprova a todo instante
a mesma coisa.. e vem a mesma palavra
a mesma palavra a me incomodar
e surge ela sempre de algum lugar... aqui...
e talvez devesse estar:
decepcionado
frustrado
incoformado...
arrependido?
não sei, não sei se arrependido,
mas...
daria
daria sim,
Eu sei que daria!!!!

...pelo leite derramado...)

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Teu próximo













Amarás ao teu próximo como ti mesmo?

Eles se odeiam
Se matam
Se drogam

Pobres próximos
Eles se matam!
E os próximos são vocês!

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Naufragar?















... de mar em mar... não se afogar!

domingo, 8 de maio de 2011

It's a Mother

Hoje, 08 de maio de 2011, data em que se comemora o dia das mães, é um dia de contrastes. É curioso como nos deixamos influenciar por datas criadas sobretudo para inflamar o comercio e as vendas. Sim, natais, páscoa, dia das mães e dos pais foram instituídos pra isso. Porém, cabe aqui uma reflexão. Nós adotamos estas datas como dias felizes. Dias em que se espera casa cheia, mesa farta. Reunião familiar... nós recebemos bem estas datas, para homenagear nossos amados, embora tenhamos a consciência de que podemos fazer isto a qualquer dia, qualquer hora... estive refletindo sobre isto e passei a entender uma coisa. Uma data como essa, que às vezes, até passa despercebida, tem seu peso potencialmente agravado quando se tem de uma perda familiar. É simples, imagine você, um dia das mães quando você não tiver mais a sua. Imagine um dia dos pais, quando você não tiver mais o seu. Agora imagine um dia das mães para quem perdeu sua filha de forma trágica e brutal.


Este blog quer prestar uma homenagem as mães nesta data, sobretudo a uma em especial:















Isabella

Os anjos guardiões não estavam de plantão aquela noite? Estavam! Estava sim! O que então...? Há coisas que não se podem explicar... Não ainda... Seu sorriso continuará aqui, brilhando nas lembranças de todos que te conheceram e não... Quanto ao teu assassino, fique em paz! Pois ele não conviverá com essa palavra tão cedo. Bobagem nossa pensarmos em prisão agora. Bobagem, talvez, pensarmos em justiça. Destruir mais ainda o que por ele próprio já foi destruído! Sim, pequena criaturinha linda, em algum lugar que não sabemos onde, você sorri neste momento. Enquanto o terror continua aqui por perto de nós que ficamos. Enquanto a dor ainda assombra nós que aqui estamos.
Enquanto temos que conviver com o sensacionalismo brutal explorar tragédias como esta e fazer de assassinos... artistas, celebridades que faltam distribuírem autógrafos aos curiosos de plantão. Nós estamos aqui, chocados - sem chão, como virou moda dizer!

A indignação continua a comer conosco à mesa enquanto procuramos nos dicionários os significados de palavras como: justiça, respeito, amor...

Nos resta acreditar que haverá um dia ainda uma justiça que não seja do homem, nos resta acreditar que um dia seremos recompensados por tudo de bom que fazemos, nos resta acreditar que chegaremos lá... e cantaremos lindas canções em belos jardins e seremos felizes em um lugar melhor... quem sabe, um dia! Eu carrego dentro de mim esta certeza de que a vida não se limita a este plano. Carrego no peito a ingenuidade de uma criança como você, pra poder acreditar no impossível aos olhos do mundo. Mas possível, perfeitamente possível, para os simples de coração. Nos resta acreditar e seguir acreditando em coisas que parecem muito distantes.
E pensar que os anjos do céu estavam apostos naquela noite, estavam atentos naquele momento e, antes que tocasse o chão, alcançaram teu pequenino corpo e batendo suas grandes e lindas asas te conduziram aos céus!
Te levaram, princesinha, para um lugar infinitamente melhor para se viver do que aqui!














Is a beautiful child; Is a Bella!

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Imposto

















Quando nasceste

no leito dum velho hospital
e choraste pela primeira vez
ainda nu
nas mãos de um médico,
a luva que ele usava,
muito custava
por causa dos muitos impostos

e digo-te mais
as fraldas encharcadas, por inteiras sujadas
desde a primeira, a mais barata e a mais cara,
não eram livres de impostos
Pelas balas chupadas,
chicletes mascados
E roupas compradas
Impostos nos são impostos

E na escola, a tesoura, a cola
Entre o ler e o escrever, o saber
Se aprende a conjugar o verbo pagar
Pagar! para estar em dia com os impostos

Sobre as minhas costas
Curvadas de velhas
As leis me são impostas
Sobre o teu sorriso
O chinelo de dedo
teu sonho, teu medo
Impostos te são impostos

Sobre tudo que pensas
Que ganhas, que cheiras
Respiras e sentes, pastas, dentes
Impostos te são impostos

Sobre o que já nem lembras
Sobre aquilo que dormes
Impostos foram impostos
Sobre aquilo que queimas,
Que escorre, que gruda
Que comes, que bebes,
Impostos já foram impostos

Sobre as gasolinas, mulheres
Meninas, danones, silicones
Ciclones, piscinas...
Impostos foram impostos...

Sobre a arma que atiras, o alvo que miras
Galinhas e patos, coelhos, macacos,
Impostos foram impostos

Por tudo que tens, carros, mulheres e bens
Cuecas, reféns, impostos foram impostos
Sobre essas linhas, vinhetas e vinhas, copos e cigarros
Ranhos, catarros, bombas de chocolate, tudo o que late
Que ladra e morde, sobre tudo e toda sorte
Impostos foram impostos

Se sentas em uma cadeira,
desde da madeira, impostos foram impostos
E o caminhão que a transporta,
desde a sua roda, impostos foram impostos
E o motorista e o pedágio na pista,
mais o combustível, e o empregado,
mais o dono da fábrica,
mais o preço de atacado, mais o lucro da loja,
mais a comissão do vendedor,
mais o preço do frete, impostos foram impostos

Impostores! Sempre impondo, impondo,
Impostos, impostos...
E de repente não pagas o IPTU,
e ficas sem-teto, carinho, afeto, na rua,
sob o olhar brutal da lua, livre de impostos
Com fome e frio, e ninguém te socorre, e morres,
e ninguém nem te viu...
Mas saibas que teu corpo ali no chão,
se ganhares um caixão, caixinha, ou caixota
As flores e o cimento, e choro e as velas,
pagarão teus últimos impostos!