sábado, 27 de novembro de 2010

À namorada que não tenho



















A namorada que não tenho
Me pega sempre de surpresa
Me olha na rua
E me deseja e me não deseja
A namorada que não tenho

A namorada que não tenho
Não me liga
Não me manda flores
Não me deseja feliz aniversário
Não faz versos
Não compõe amores
A namorada que não tenho

Não me olha como quero
Não me abraça como preciso
Não faz nada que faz namorada
Oh Deus que namorada errada
Essa namorada que não tenho

Ahhh e não sabe nem quem eu sou
Não se preocupa se bem ou mal estou
Não me dá um presente e não se faz presente
Não me pinta em desenho
Não tem uma música comigo
A namorada que não tenho

e... Não se perfuma para mim
Não se depila
Nem sobrancelha, nem axila...
A namorada que não tenho

Não vê prazer em estar comigo
Não vai comigo ao cinema
Não conhece meus amigos
Não me percebe feliz ou triste
Não sabe dos meus instintos
Aliás nem sabe que eu existo
A namorada que não tenho

A namorada que não tenho
Não sabe aonde estou indo
Não sabe, e por isso não se encontra comigo
Um dia a gente se cruza,
Venha e me avisa...

Venha como a brisa, vem e me abusa
A gente se aquece, se esquece, te uso, me usa
Me encontre, me beija, beijo de lua cheia, na chuva
Estarei sempre voltando de onde venho
e nessas idas e vindas te encontrarei
namorada que eu não tenho!

sábado, 20 de novembro de 2010

Mal-me-quer...



















Corre a moça sem rosto no campo repleto de flores
Campo repleto de flores repletas de pétalas de mal-me-quer
Corre a moça sem braço pelo campo
Com as mãos que não posso ver
Cheia de coisas que imaginem
Não se pode ter!
Cheia de sonhos que não podem ser...
Corre a moça cheia de sorriso pelo campo
Campo que já não se pode capinar
Corre a moça sem pernas ao encontro
Ao encontro de um abraço
Que não a encontra no ar
Em um lugar que ela, ela não está
Corre a moça sem joelhos
Sem olhos, sem seios
Sem quadris... corre feliz
Embora sem vida, corre com flores na mão
Dores no coração
Sonhos de uma outra estação
Vida em outra dimensão
Corre a moça.
Sem moça, ela corre...
Corre pra vida, corre pra morte
Corre pro prazer e não vou rimar minha sorte
Corre por correr e correndo tropeça
E, por favor, moça não me peça
Que eu vá lhe socorrer
Sim moça, que um dia correu de mim
Nunca me foi mulher
Corra pra quem quiser
Corra! Ou morra, moça que não conheci
E que não existe. E ainda assim persiste
Em passar por mim todas as noites...
Deixar teu perfume. Malícias, chicotes, açoites...
Mas corra, para o que der e vier
Corra pra outro... com flores de mal-me-quer!

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Mancha



















Queria uma canção pra mim
Que falasse um pouco
Do que me sobra além da nostalgia
Queria uma canção pra mim
Mas ela derrubou sobre a toalha branca
A taça de vinho
A taça se quebrou, a toalha se manchou
Seus dedos se feriram
Como dedos que se ferem no espinho
Queria uma canção pra mim
Não tenho, canto sozinho