quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Uma bolinha

 







aaaaaaEstes dias no trabalho encontrei uma bolinha. É, uma bolinha. Pequenina, oca. Do tamanho dessas bolinhas que vem em desodorante roll on. Só que leve, como se fosse uma bolinha de Ping pong. A primeira reação minha quando vejo um bolinha, seja dura, oca, leve, pesada,  grande ou pequena é tentar brincar com ela. Sim, eu sou um esportista e, talvez, um dos grandes símbolos do esporte seja uma bola. Basquete, tênis, vôlei, tênis de mesa, futebol... enfim, são inúmeros os esportes que a utilizam como parte essencial de uma disputa, ou de uma brincadeira. 

Uma criança com uma bolinha na mão eu era. Uma bolinha que rapidamente tem o poder de nos remeter a inúmeras brincadeiras da infância. Uma bolinha que nos leva a viajar sobre as inúmeras possibilidades por ela oferecidas. Posso arremessá-la no cestinho de lixo e testar a minha pontaria. Chutá-la em direção ao gol imaginário e comemorar com um soco no ar. Driblar os móveis que vejo, passar pelas cadeiras, finalizar! Fazer embaixadinhas, testar meu cabeceio... ou simplesmente quicá-la no chão e deixá-la pular. Enfim, eu tinha nas mãos uma bolinha e um leque de possibilidades.

Uma bolinha, eu a tinha em minhas mãos e a atirei no chão, sem muita força, para sentir o prazer de vê-la quicar. Meu Deus, que tristeza senti ao perceber que a bolinha não quicou. Permaneceu parada no chão inerte. Inconformado a peguei novamente e a olhei por inteiro como quem buscasse nela alguma anomalia, algum impedimento que fosse que determinasse  a sua inglória situação. Não encontrei. Então, respirei fundo, me concentrei o máximo que pude e tentei novamente. A joguei no chão, dessa vez com mais força, como quem querendo incentivá-la a conseguir. Pá! Ela bateu no chão e ali permaneceu. Que tristeza. Que tristeza constatar que a bolinha não podia mais pular.  Fiquei triste por mim, mas sem dúvidas, muito mais triste por ela... decepcionado, porque tudo aquilo que projetei quando a vi, havia se tornado distante demais. Mas mais que decepção eu estava compadecido da sua causa. Pensativo. Preocupado com ela. Reflexivo. Queria entendê-la, compreendê-la. Ajudá-la. Mas não podia, não sabia como... 

Você pode até estar achando patético tudo isso. Você pode até estar achando ridícula toda esta história. Mas pensemos comigo. Qual a razão de ser de uma bolinha que não pode mais pular? Qual a vantagem de ser uma bolinha que não consegue satisfazer a uma criança? Quem quer brincar com uma bolinha que não quica, que não pula, que não diverte, que não tem como companhia outras bolinhas? Uma bolinha que não agrada ninguém, embora seja um símbolo de esporte, alegria.  Uma bolinha rejeitada, triste, sozinha, depressiva que já não tem muito razão de ser! Uma bolinha que não pinga, não tem alegria. É como uma pessoa que não sorri. Uma bolinha que olha pra si e se pergunta diante do espelho: onde foi que eu deixei que tudo se perdesse?! Uma bolinha... linda, perfeita, convidativa, como tantas pessoas mas que perdeu a sua essência!

Talvez esta bolinha não tenha entendido ainda, por mais chavão que seja que é preciso acordar todos os dias e abraçar as inúmeras possibilidades. Talvez ela não tenha pensado que é preciso entender onde erramos e tentar reparar os erros antes que o dia se acabe. Talvez esta bolinha nunca tenha imaginado que teria que curar suas feridas antes que se tornassem incuráveis. Antes que fosse tarde demais. Talvez essa bolinha nunca tenha se preocupado com a sua saúde. Nunca tenha percebido a importância de ter outras bolinhas por perto. Uma bolinha com quem estar, com quem conversar. Talvez esta bolinha tivesse pensado um dia que seria eterna e que nunca deixaria de pular. Hoje, meu amigo, veja bem a situação que se encontra esta bolinha que perdeu sua principal qualidade. Que não calou a dor da tristeza, da decepção, das pancadas da vida. Não conseguiu superar os traumas que teve e não tem mais forças pra lutar... sozinha, esquecida num velho armário, junto a rascunhos desimportantes, agora espera seu fim... e isso me leva a pensar...



domingo, 13 de janeiro de 2013

Estranho


 

 

 
 
 
Campeio alguma pessoa que cace alguém bizarro
Alguém que se fez curioso
sem ciência de que de tal modo se perpetrava
E ao se descobrir com tamanha estranheza refletida no espelho
Por si se entusiasmou
cansado de ver as convenientes outras coisas
Normais e vazias
Implexo, entretanto, definir-se como tal
Se os mais habituais do mundo batem no peito
E expõem-se: sou diferente!
Dessemelhante, portanto seria o natural!
Ou sabe-se lá como constituiria a gente
Todavia nem sempre foi assim
Se hoje bate no peito e se diz diferente
Tempos se foram em que
Seu espírito narcisista não vigorava
Muito pelo avesso de hoje
Lhe incomodava
Caiu em tentação diante de si
Quão alheio sou eu
Mãe natureza, por que assim me fizeste?!
Mãe natureza nada lhe respondeu
Apenas mandou um soprar forte do leste
E este o desequilibrou... desabou
Colidiu com a cachimônia na pedra
Viu naquele instante que poderia finar-se
E que tudo que ponderou sobre si
Era pura utopia
Bizarro? Como era adventício, não era!
Era normal! Possuía sangue correndo em suas artérias
Quase morto, porém, não a fim de nosocômio
Viu-se normal... e da aspiração estranha que teve
O forasteiro mais habitual do planeta
Normalmente ajustou-se, porém sem qualquer roço
Do seu letárgico sono profuuuuundo!
Trabalhe, trabalhe, trabalhe mais! Moço moribundo!