terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Monólogo Final















Eu que tantas vezes perdi meu olhar na imensidão dos teus olhos
Que por qualquer motivo se mantinham fixados nos meus...
O que te dizer neste momento minha querida?
Se qualquer palavra que pudesse sair por detrás deste bigode suaria falsidade
O que te dizer nesta hora tão inoportuna e claramente desagradável
Se a serenidade destas minhas palavras já não a podem convencer a trilhar um caminho mais consistente?
O que te dizer em uma oportunidade como esta...
Se minhas atitudes falam muito mais do que qualquer olhar de reprovação que eu possa te lançar?
O que te dizer a essas alturas da vida, se todas as minhas palavras soam derrotadas?
Como te aconselhar, ou mesmo oferecer meu ombro amigo, tendo sido tão incapaz de lhe expressar qualquer sentimento de carinho?
A frieza tomou conta de todos meus gestos
Nada mais aqui é emoção;
Passei a agir com uma racionalidade que me faz acreditar que não há mais cores no mundo
Que tudo é exato como dois e dois são quatro
Me falta a emoção nas palavras para tentar lhe convencer
Me falta sensibilidade para te dizer o que é certo e errado
e fazer você acreditar que estou sendo o mais sincero possível,
que minhas frases, todas com ar de decoreba estão sendo realmente
o que se acredita dentro do peito experiente de amigo amado, pai, irmão mais velho...
Que quer o melhor pra você!
O que te dizer nesta hora, se minha cara lhe chama a uma realidade mentirosa, mesquinha
Se tudo o que eu possa lhe dizer que é correto, só me faz acreditar no quanto sou hipócrita
Que quando me trancar no quarto, vou me matar de uma tristeza, que de tão terrível não me permite nem sequer chorar
Pois nem mesmo meu choro é verdadeiro, e minhas lágrimas sabiamente não se curvam a tamanha mesquinharia
Pois bem, sendo eu este ser, tão terrível que se esconde por trás de palavras que parecem tão concisas, do fundo do meu coração e com a maior sinceridade que posso buscar dentro de mim
Só posso lhe dizer para que siga o teu coração
Siga-o, enquanto o tens, pois na tentativa de não me expor, de não me frustrar, de não me envolver, de não errar, de te manter segura, de me salvar...
De não sofrer... e não magoar
me tornei tão racional na vida, que nem coração eu tenho mais...
estou saindo por esta porta, antes que as proporções deste monólogo se tornem duras demais
estou saindo agora, para que minhas atitudes, ao menos uma vez na vida valham mais que as palavras
e que nem eu, e nem você tenhamos que olhar nos olhos do outro, e dizer o que nós dois sabemos há muito tempo: acabou!

Um comentário:

  1. Boa noite, Messias Vilela.
    Ser esperançoso é bom. Porque esperança é a última coisa a morrer em nós, diz quem sabe.
    Gostei do que li. Resolvi seguir.
    Fique bem.

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