terça-feira, 6 de julho de 2010

Menino...


Hoje descobri que sou menino. Desses de bermuda pouco pra baixo dos joelhos; desses de cabelos ondulados e atrapalhados; desses de chinelo nos pés e camiseta largada no corpo!
Menino! De óculos escuros a espera de um sol. Um sol que não vem! Um menino! Um menino praieiro – praieiro sem praia – mas praieiro. Um menino a me observar diante do espelho, aparentemente sem dor nenhuma; sem responsabilidade nenhuma; sem motivo algum que pudesse me impedir de sê-lo. Talvez, e porque não, diante desse rosto no espelho... por que não dizer: um menino feliz! Porque é melhor não dizer... Não, se nos aprofundarmos no fundo dos olhos desse menino podemos entender seus porquês! É no fundo dos olhos de todas as pessoas que moram as respostas para todas as suas perguntas; é no fundo dos olhos que se percebe as batalhas que já foram traçadas; é no fundo dos olhos da pessoa que se percebe a autenticidade de um sorriso; de uma palavra... o coração é que sente, mas o olhar é que revela...
Hoje me descobri menino e tenho medo de mencionar isso a qualquer pessoa. Tenho medo de compartilhar esse segredo tão grande que se fez notório ante o espelho... no exato momento... no exato momento em que eu tirei um tempinho pra mim; no exato momento em que me pus a uma auto-analise... e me descobri! Descobri-me menino...
Sim, sou um menino. Mas sem a alegria de todos os meninos... sem a força de todos os meninos; sem um sorriso de boas vindas no rosto; sem a impulsão de todos os meninos; sem os sonhos que quando menino era... talvez tivesse projetado para dias como os dias de hoje.
Sou menino em cada segundo que tenho de ócio. Em cada instante que me disponho a observar uma vida. Em cada busca que faça nas minhas investidas por algo mais; por algo novo... sou menino cada vez que rio de algo dito por alguém – e isso faço a todo instante. Sou menino a fazer piadas – mas piadas em tons sérios – com um humor mau-humorado e de rápida construção, muitas vezes negro, que aprendi a ter.
Sou menino em cada situação que me encontro. Embora eu perceba que se torna dificílima a vida de um menino que os anos forçam para que assuma que não mais é. Sou menino e não quero deixar de ser, quando toca o termômetro da responsabilidade todas as manhãs me chamando para o lado mais chato de ser menino-adulto... trabalhar!
Sou menino, mas já não quebro vidraças, já não rio tanto assim. Já não me convenço tão facilmente de tudo – como há um tempo – já não sei aceitar certas mentiras que outrora me eram tão convenientes – e pra ser menino-adulto é preciso conciliar a perda da inocência à busca pela fantasia. Sem querer entender que é esta fantasia – que para muitos é proibida –tão necessária e até urgente; que faz de nós ainda hoje, velhos de guerra, meninos e meninas.

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