sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Café Filosófico



Diante desta noite, a pergunta que caberá a todos que não passaram os últimos instantes comigo será: onde esteve? E a resposta não será outra senão esta: estive em lugar nenhum! Lugar nenhum, é um lugar onde se precisa estar enquanto os outros vivem a sua vida... estou certo disto. Ser feliz talvez fosse se encontrar consigo... estar com você e você num tempo que não se tem dimensão. A maioria das pessoas não se encontra consigo... vive toda uma vida, quiçá uma história sem saber nada de si... A impressão que se tem é que vivemos todos em tempos errados... Ouvi dizer por aí, que todos nós vivemos a vida inteira em tempo que não gostaríamos... Quando se é criança, a desejar pela juventude, quando se é jovem, a retornar a criança, quando se passa de jovem para velho, a gente quer ser jovem! O dia que conseguirmos ser felizes no tempo em que realmente estamos terei palavras para terminar a minha vida...
Este foi sem dúvida, o principal tema do café filosófico, sem café e nem mesmo filosofia, da conversa que tive comigo mesmo. Marquei comigo numa praça... primeiro me encontrei na rua, e fomos caminhando, como quem anda sem direção... a andar devagar, como quem observa tudo o que a desculpa-esfarrapada-dos-nossos-dias-tão-vazios-não-nos-deixa-enxergar. Claro, prestei atenção nisto! Não é que vivemos na correria, vivemos atordoados, quando não temos um problema ou uma grande preocupação, não sabemos caminhar... vivemos um conflito que nos move, em paz, parece que somos todos inertes. O que movimenta o mundo é a dor de cada um... sem esta, ação nenhuma seria feita, invenção nenhuma teria passado pela nossa cabeça... Outro dia vi em uma reportagem no JN, que no Japão inventaram um estacionamento de uma só vaga! Todos os outros carros, exceto o recém chegado, ficam em plataformas elevadas que se movem qual roda gigante, aí quando você precisa do seu carro, a plataforma com ele gira até que ele fique no ponto onde você o deixou na chegada... Aí vem aqueles comentários: “os japoneses são um povo muito inteligente...” Não vou dizer que não são! É claro que são, um povo que aprendeu a respeitar os mais idosos, é sem dúvida um povo a frente de qualquer outro... Mas a questão é a seguinte, me diz se inventariam um estacionamento deste se não passassem pela necessidade de espaço? Temos que aprender a lutar com o que temos... eu me cobrei por isso hoje! Aliás, eu venho me cobrando por muitas coisas... e uma frase ficou martelando a minha cabeça: A necessidade faz com que nos movamos! A necessidade faz com que nos movamos... a necessidade faz com que... A necessidade faz...
Ouvi um integrante do CQC, dizer em entrevista, que é também músico, além de compositor! E, como sabemos, humorista... Claro que fiquei surpreso! Sim, eu como palhaço, devo admitir que quando as pessoas como a gente vive fazer piadas, todos acham que somos apenas idiotas, que temos a necessidade de aparecer – mas quem não tem? – muitos. Bom, o que eu falava é o seguinte, este integrante do CQC disse que não compunha desde 2005. Perguntado por que... ele sorriu e argumentou que estava passando por um momento fantástico em sua vida e que para compor bem é preciso estar triste! - Uhhh graças a Deus - eu dei graças a Deus em frente a TV! Porque embora saibamos que muitos dos gênios eram depressivos e nostálgicos, ouvir de alguém que para produzir coisas bonitas é preciso estar em uma fase triste, fez eu me sentir um pouco valorizado...
Bom, então, a necessidade move o mundo... Eu sempre achei! E minha parte eu darei assim escrevendo! Escrevendo? É, escrevendo...! Por que Messias? Porque Escrever é de certa forma ter um encontro pessoal com quem mais te entende e com quem menos te entende... com quem mais te cobra e com quem te deixa livre... escrever é tirar um tempo de lazer com quem mais te ama; você! Escrever é vida! E estas linhas foram esquadrinhas todas do meu coração, ainda que nada que eu escreva seja verdade... este sou eu, e nada aqui é mentira. Escrever é um momento de paz que se tem consigo... estes momentos costumam ser libertadores – para todos, viu Corinthianos? – costumam ser libertadores... é preciso assumir o controle da sua vida... a maior frustração que se pode ter é de repente não entender porque se faz aquilo que se está fazendo! Pense nisso! De que adianta ter um bar e viver para os outros? É estranho pensar que o bar é seu, mas quem determina a hora que deve ser fechado são as outras pessoas... é o movimento...
Fiquei duas horas na praça pensando - não pensando – porque pensar me dá uma idéia vaga de deixar o pensamento livre – a imaginar coisas absurdas e sem nexo, nem ordem, nem lógica, longe de serem reais... fiquei a dialogar comigo! Numa linha coerente de pensamentos. Sabendo mais ou menos onde este papo me levaria... Sabendo onde eu iria chegar... Havia alguns ciganos metidos a cantores castelhanos cantando canções animadas que não condiziam com o meu coração... Não tenho nada contra ninguém mas estaria sendo mentiroso se disser que não desejei a morte de cada um deles. Arrependi-me imediatamente! Foi trágico saber que cigana que dançava músicas não-ciganas num descuido dela e do malabarista, acabou quase tendo o corpo tomado por chamas... Todavia Zeus ou Apolo a socorreu naquele instante, ou qualquer outra divindade, da mitologia grega-latinha-romana-americana... Curioso é ver a praça cheia de gente e muita animação no coreto... e música e atrações para alegrar os muitos turistas de mais uma Olimpíadas Escolares... Cidades turísticas são assim, a prefeitura trata com muito carinho seus hospedes - que vêm rir e zombar das nossas tradições mineiras... E corta os benefícios dos seus funcionários públicos... cuida das praças e dos monumentos, porque quem chega olha isso, olha só isso... e deseja em sua mente fantasiosa ter um prefeito igual em sua cidade! Meu Deus, afaste destas cabeças estes desejos... vai ser melhor pra eles...
Muitas imagens haviam na praça... a bunda redonda da menina de rosa e short Jeans, sem papo, não dialogava comigo... mas talvez com muitos outros... não dialogava comigo suas pernas grossas... eram apenas imagens ilustrativas de um povo, vivendo ou agindo naturalmente, sem que lhes fossem conhecido o seu observador... A menina sem diálogo não era a da bunda bonita, era a de pensamentos filosóficos. Mas esta não conhecerei, o banco permaneceu vazio... Sem ninguém sentado ao nosso lado, apenas eu e eu... Sim, para entender além do que se vê é preciso diálogo, e uma visão narcisistas é tudo o que não quero para mim. Quero conhecer de mim além do que vejo... e infelizmente quando não se pára para realmente dialogar com alguém com vida, todos os nossos diálogos são visuais e com bundas!

8 comentários:

  1. Oh my God ... morri ... estou aqui ainda a "digerir" tudo isto ... incrível cara ...

    parei nesta parte e chorei ... literalmente ...

    "Escrever é de certa forma ter um encontro pessoal com quem mais te entende e com quem menos te entende... com quem mais te cobra e com quem te deixa livre... escrever é tirar um tempo de lazer com quem mais te ama; você! Escrever é vida! E estas linhas foram esquadrinhas todas do meu coração, ainda que nada que eu escreva seja verdade... este sou eu, e nada aqui é mentira. Escrever é um momento de paz que se tem consigo... estes momentos costumam ser libertadores"

    digerindo tudo ... ruminando ... a saliva acabou ... as lágrimas secaram e os dedos não respondem no teclado ...

    paro por aqui ...

    depois retomo o tema ...

    bjux querido ...

    vou dormir em paz ... bem leve ... não estou triste mas a idéia de ficar me atrai ...

    ;-)

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  2. Imagina Messias ... será q dei a entender q tomei seu coment como um insulto aos apaixonados ... penso q não ... só joguei tb com as palavras zoado um pouco com seu humor de ontem ... kkkk ... não parecia nada bom ... enfim ... mesmo q discordasse de vc eu respeitaria seu ponto de vista ...

    cara este seu post "Café Filosófico" ainda está mexendo comigo ... aff

    bjux

    ;-)

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  3. Meu, sem dúvida, um dos seus textos mais fantásticos.
    Me senti de mãos dadas com vc por um momento.
    Quanto às escritas, até hoje continuam me salvando, traduzindo um pouco da tristeza, da preocupação de todos os dias, me mostrando um pouco quem sou, quem eu não sou, quem eu estou me tornando. Me ajudando a entender muita coisa, e às vezes mesmo não ajudando a entender, pelo menos a consolar.
    Nós, escritores, como eu, como você, entendemos que somos nosso próprio carrasco, nossa própria benção, nossos próprios professores e aprendizes.
    Ri muito em algumas partes, e quanto aos ciganos, medo! Vc deseja que eles morrem e a mulher pega fogo? Hhsauasuas! Deseje que eu fique rica! Hahahaha!
    Bjus! Vc eh incrível!

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  4. Messias, carregarmo-nos no colo é maravilhoso. levar a vida nas nossas mãos e fazer dela uma bem aventurança. isto é o que nos redime no tempo.
    Beijos com carinho. bom domingo.
    Cleo

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  5. Um texto bem foda tu meteu a real ao teu jeito peculiar, tu és um cara cheio de indagações e com momentos de ápice via poemas e escritos e sinto que tu não tu escreves mesmo nos teus momentos de tristeza ou desanimo, é isso que me passa teu escritos.

    Sobre a parte ali que citaram do "escrever toma tempo e eskece-se de você" é a pura realidade. Pra se pensar mesmo principalmente tu. Porque parece que o cara sem a tristeza perde o brilhantismo na escrita. Bizarro não?

    Abraço

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  6. -'Quero conhecer de mim além do que vejo...

    Eu tô boquiaberta aqui, Sr. Messias!!!
    Quando acho que, não há mais condições, que já vi o seu melhor, belas linhas revelam que não.

    Voce continua sendo o meu favorito!!! rsrs

    Dry

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  7. Voce continua sendo o meu favorito!!! hã! hahahaha o meu também! Adorei a parte dos ciganos e da bunda redonda da menina de rosa!

    bjux

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