domingo, 31 de maio de 2009

Monólogo - Identidade


Diante do espelho:
Parte I
Messias! Uma voz grita aqui dentro
Messias! Insiste a voz
Messias não responde, ele chora
Só consegue chorar!
E jogou a toalha fora
E jogou suas roupas fora
E jogou sua vida fora
E quis ir embora
E quis estar
E desejou estar... e um lugar onde ele, Messias,
Não o pudesse achar
E se olhou queixoso no espelho, queria brigar...
Só conseguiu se lamentar:
Messias! E se perguntou: por quê?
E pensou aquilo que se pensa:
Por quê? O que eu fiz! O que há...
E jogou tudo fora
Mas algo ainda o acompanha
Algo sempre fica, algo sempre mora
A dor é a ultima a sair, dá voltas, faz shows... enrola
Seu corpo nu e branco vai se atirar na cama
Feio, bonito... mas ele! O corpo que ele tem!
Algumas músicas chegam para entendê-lo
Musicas que só ele pode ouvir
Alguns diálogos o chamam para algumas responsabilidades
E nesse mar nostálgico, claro as lágrimas batem cartão
Mas as lágrimas cessam...
A dor mais triste é seca!
Messias! Uma voz grita dentro da cabeça
Messias, você me enganou!
Messias, você se fez passar por alguém que não era
Você nunca foi aquilo que me mostrou
Messias, por quê? Você sempre foi uma história mal contada
Que eu... que nós, que todos nós, líamos sem cessar
Messias, você, que não existe... e, é você que amo
E, Messias, essa dor da tua não existência
Que me causa um amor desamado, tende a não passar!
Porque há uma voz que surge dos teus mais profundos pensamentos
Que me diz, que me acusa, que me clama: Messias, por quê?
Te amaria Messias por tudo que não é
Mas me fizeste amar alguém que você inventou
Todas as dores eu suportaria Messias
Mas agora, perante tua face limpa
E confesso que, até bonita, a esperança se enforcou!

Parte II
A imagem do espelho se decepcionou comigo
Mas ela não sabe muito de mim
Eu tenho mil faces
Cada qual para uma pessoa
Face séria, dura, brava, sinistra
Alegre, rancorosa e pessimista
Mil faces e uso cada qual para uma circunstância
Se você pretende me entender, pegue suas faces
E venha até a mim, encurte as distâncias
Eu sou de fato todo falso, todo errado, meio bobão
É bom que esteja ciente que o cliente...
Tem sempre razão!
Se nem eu me entendo, se nem eu sei de mim
É muito dura a tua missão
Sou todo atrapalhado
Triste e feliz, complexo e desanimado
Da verdade eu tenho o nome
E do pecado sou sinônimo
Não sou certo e nem errado
Sou anônimo

3 comentários:

  1. outro símbolo repleto de significados e sentimentos ... assim como os tres pontos a interrogação sempre deixa espaço à reflexão ... adoro isto ... nada é final e concluído ... tudo por fazer e por caminhar ...

    beijão

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  2. Que inveja...queria voltar a escrever poesias, não consigo faz uma cota. Nem texto tenho mais inspiração huhsuahsas!
    Linda essa...as rimas estão muito gostosas de ler, vc está cada dia melhor!
    Bjokas!

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  3. Relendo e nova viagem neste seu texto. Sabe, me identifico por demais nele. Um espelho mesmo para mim, é só trocar o nome Messias por Paulo, mas enfim, quem não é fruto destes contraditórios da vida, quem não usa máscaras para viver, quem não é uma permanente metamorfose ambulante? Parabéns mais uma vez, adoro como vc retrata em palavras os seus sentimentos e suas emoções.

    Bjux

    ;-)

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