sábado, 12 de fevereiro de 2011

Insensível















Minha inspiração foi roubada em uma determinada ocasião.

Subtraída. Apanhada. Furtada. Desfraldada. Desfalcada.
Arrancada, tirada, sem porque e nem razão.
Minha escrita que antes fácil fluía
Agora passa por um momento de agonia, dor, desgosto
Angústia, ansiedade, amargura, expiação.
As rimas ricas que me eram dadas facilmente agora me são raras
Infreqüentes, incomuns, desusadas, delicadas, e o pior: caras, muito caras
E além do mais são forçadas, pressionadas, impelidas, empenhadas,
violentadas, coagidas, obrigadas, constrangidas, compelidas,
acuadas, premidas, deprimidas, espremidas, comprimidas, apertadas, vomitadas.
As rimas pobres por outro lado são sempre mais difundidas,
lançadas, exaladas, esparzidas, espargidas, distribuídas, disseminadas, alastradas...
o ritmo que era algo que desde sempre me pertenceu
agora não mais me pertence, não me cabe, me concerne, me incumbe,
me compete, diz respeito...
olhar o poema do outro, antes era fonte de alento
agora nada mais é que puro ciúme, dor-de-cotovelo, despeito
inveja, cobiça, olho gordo, desrespeito.
Falta de ética, de sensibilidade... só pra apontar as falhas
E pôr defeito!
Por fim, me resta dizer que é superconstrangedora esta situação.
Mas por detrás dos panos sujos que nos escondemos
Somos todos nós: egoístas, mentirosos, imitadores, imperfeitos,
viciosos, corruptos, defeituosos, depravados,devassos, incorretos,
corrompidos, pervertidos, torpes, amorais/ imorais e desmoralizados.
Em busca de um pouquinho de amor que nos façam melhores...
No desenrolar do nosso enredo e no desdobrado de cada situação...
Na desenvoltura dos nossos atos que poderiam ser poesia e tantas vezes não são.

Um comentário:

  1. Sei bem como a fala em letras fica muda em momentos de agonia e sem explicação. O que podia ser criado facilmente com doçura e mansidão, não mais existe por um tempo indeterminado. Mas passa..como tudo, passa!

    Um abraço

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