sábado, 20 de novembro de 2010

Mal-me-quer...



















Corre a moça sem rosto no campo repleto de flores
Campo repleto de flores repletas de pétalas de mal-me-quer
Corre a moça sem braço pelo campo
Com as mãos que não posso ver
Cheia de coisas que imaginem
Não se pode ter!
Cheia de sonhos que não podem ser...
Corre a moça cheia de sorriso pelo campo
Campo que já não se pode capinar
Corre a moça sem pernas ao encontro
Ao encontro de um abraço
Que não a encontra no ar
Em um lugar que ela, ela não está
Corre a moça sem joelhos
Sem olhos, sem seios
Sem quadris... corre feliz
Embora sem vida, corre com flores na mão
Dores no coração
Sonhos de uma outra estação
Vida em outra dimensão
Corre a moça.
Sem moça, ela corre...
Corre pra vida, corre pra morte
Corre pro prazer e não vou rimar minha sorte
Corre por correr e correndo tropeça
E, por favor, moça não me peça
Que eu vá lhe socorrer
Sim moça, que um dia correu de mim
Nunca me foi mulher
Corra pra quem quiser
Corra! Ou morra, moça que não conheci
E que não existe. E ainda assim persiste
Em passar por mim todas as noites...
Deixar teu perfume. Malícias, chicotes, açoites...
Mas corra, para o que der e vier
Corra pra outro... com flores de mal-me-quer!

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