sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Dualidades


Eu sou o canto que se ouve nos dias de sol
eu sou a lágrima que desce no rosto do pai ante a injustiça
eu sou as nuvens mais brancas nos céus mais azuis
eu sou o silêncio mais profundo quando os olhos se fecham
eu sou a palavra mais muda quando os lábios se tocam
eu sou a verdade mais doida quando as luzes se apagam
e a música mais precisa quando as mãos se desatam
eu sou o vento arrancando folhas por onde passa
os dentes mais brancos de um sorriso sem graça
e sou o velho que anda na rua devagar
e a criança que pula, grita e corre sem temer o amanhã
sou a grama mais verde de um bosque sem grama
sou o abraço mais apertado na hora da despedida
sou o carro mais rápido no mais desigual asfalto
sou mais um que grita, sou mais um que sonha alto
sou a alegria da mãe que amamenta
mas sou também a dor da vida que não agüenta
sou as montanhas mais altas que os olhos alcançam
sou as pernas das bailarinas que nunca se cansam
sou a precisão dos atiradores de elite
e sou a incerteza de um beijo no escuro!
Quis ser tanta coisa... no fim não sou nada
Sou a seta que te acerta e a torta estrada
O mergulho do homem em busca de nada
Os olhos que piscam
As mãos que rabiscam
Uma folha qualquer
Um corpo de mulher, linda, pelada
Sou a voz que te alcança
E a mão que te afaga
Sou a janela dos curiosos
O medo dos medrosos
Sou teu, sou Eu, mais nada!

2 comentários:

  1. Sou o mergulho do homem em busca de nada ...
    Sou a janela dos curiosos ...
    Sou o medo dos medrosos ...

    caraca bonito demais

    bjux

    ;-)

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  2. É, vc é muita coisa
    :D Gostei do texto

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