sábado, 3 de novembro de 2012

(Des) Necessária Ilusão


 
 
 
 
 
 
 
Confesso que, durante um tempo, tinha confuso em minha cabeça os conceitos de Ilusão/desilusão. Como defini-los? Identificá-los? Não sabia! Seria prático dizer que toda ilusão leva a uma desilusão. Seria prático, não poético. Seria fácil dizer que a segunda não existe sem a primeira. Seria plausível dizer que as duas se opõem. Seria triste entender que é melhor estar desiludido do que iludido. Porque por mais que eu queira ver a ilusão como algo bom que me motiva e me põe pra frente, minha racionalidade tão sofrida me aponta para a enganação.

Todavia, a palavra ilusão carrega no seu peito uma subjetividade de conceitos. O que torna complexa por demais qualquer constatação. Se a ilusão é a confusão de sentidos, como me propõem os dicionários, se a ilusão leva a uma percepção irreal, se é uma maneira de fuga da realidade, seja por consciência ou não, eu não sei. Mas iludir-se pode ser bom. Seguindo a linha do eterno enquanto dure ouso dizer que Ilusão só é saudável quando se é saudável e espero nisto poder ser compreendido...

E digo isso sem medo de estar falhando e, sobretudo, sem a intenção de estar te iludindo... penso que não dê para falar sobre ilusão sem chamar à memória nossos relacionamentos. É muito forte em nós, a constatação, após o fim de um namoro, a afirmativa ‘foi só ilusão’, ‘me iludi mais uma vez’. E é por isso, que vejo a ilusão como arma maior da paixão. Somos iludidos por aquilo por que nos deixamos iludir, mas iludir no sentido de se apaixonar. A paixão cega e,  por que não dizer, ilude?! Sim, quão bom é estar apaixonado, quão ruim é pensar que fomos enganados. Quão libertador é imaginar que estamos desiludidos, posto que a desilusão revela a verdade outrora ignorada... No entanto, quão sem graça seria o namoro sem aquela total entrega que nos permite a ilusão. Claro, não nos entregamos a qualquer ser. Buscamos por pessoas interessantes que beiram à perfeição. Não existem tais pessoas, mas nós, enquanto iludidos, vestimos na pessoa desejada a roupagem da nossa psíquica imaginação. E partir dela, quantas boas histórias e quanta emocionante recordação. E daí, se recordando a gente chora? Chorar alivia a tensão.

Contudo, ilusão não pode ser tomada, exclusivamente, como um o sentimento de um ser por outro – como uma paixão. A gente se torna iludido por tudo aquilo que pensa que ama e, não encontra nesse amor razão. Sim, iludir-se pra mim é obedecer às vontades cegas do coração. É agir por instinto, pela emoção... quase enfeitiçado, inebriado, sob efeito de uma substância que encoraja a mentir pra si próprio sobre o perigo que nos proporciona tal condição. Sim, iludir-se faz um mal danado ao já calejado coração.  Mas gosto de me iludir, às vezes, pois iludido me animo a fazer loucuras que a minha racionalidade tão chata tanto me diz não.

Estar iludido é um mal necessário que sempre eleva meu discurso a um status de indecisão. Se a verdade liberta, implicitamente, percebe-se que a mentira prende. E olha o vasto mundo de significados que cabem neste contexto. É intertextual e ilimitado. Poético, sem deixar de ser céptico. Me remete a pensar sobre a criação de todas as coisas, e confrontar o que chamam de fé burra, ciência e religião. Noutro momento, me faz reduzir todo seu sentido a uma mulher que faz pulsar descompassado o meu peito sem aparente razão. Sentimento que faz esquecer o que não posso, o certo e errado, tão complexo e questionado acerca de qualquer condição. Ilusão encarnada numa mulher, faz com que a prioridade seja ela, acima de qualquer suspeita, defeito, sequela... idolatrada, salve, salve seja a pessoa que nos aprisionou, nos iludiu. Gosto ou não gosto? Vamos para uma outra percepção... O ideal seria que pudéssemos nos iludir e não alcançássemos a desilusão.

E a ilusão fala acerca de tudo, proponho alguma personificação, explico: Se ilusão fosse um time de futebol seria o Corinthians. Se fosse um político, o Collor. Se fosse uma revista, seria a Playboy, um programa de TV fosse, talvez, o BBB. Se ilusão fosse uma cidade, seria Brasília, se fosse um livro, seria do Paulo Coelho, ou melhor, um qualquer que dê dicas sobre motivação. Se ilusão fosse dinheiro, seria o nosso Real, se fosse um piloto, creio que o Barrichello, se fosse uma igreja, seria a Universal, se fosse uma música, seria Imagine, se fosse um cantor, Michael Jackson. Fosse um carro, talvez, um Camaro Amarelo, fosse um movimento, seria a Sociedade Alternativa, fosse um processo interativo, seria a Globalização... se a ilusão fosse uma mulher... bom..., não quero me iludir com você.

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