sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Bula




Poucos conhecem minha história
Menos ainda a minha trajetória
A maioria não se recorda do meu rosto
Alguns sabem de mim, o desgosto

Muitos são os que desejarei que nem me conheçam
Muito mais que muitos, os que não me conhecerão
Alguns chorarão por mim antes que seus corpos padeçam
Alguns saberão de mim, mas apenas saberão...

Em mim já não doe saber que não vivo
Em mim já não doe se me dizes que não presto
Nada mais me anula!

Se não saberás a dor que cultivo
Se já não és remédio pro meu resto
A mim, já não adianta ler tua bula

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Linha Jardim Esperança


São 5:00 da manhã, Juversino acorda desesperado como sempre. Mais uma vez seu rádio relógio o tinha deixado na mão. Iniciava-se uma corrida contra o tempo. Seu ônibus sairia dali a uns poucos minutos, e ele haveria de percorrer três quarteirões. Correu na cozinha, difícil foi encontrar algo para comer. Mais difícil ainda, foi escolher uma entre as três peças de roupa. Lembrou-se ter esquecido de lavar suas camisas. E aí então, a escolha tornou-se mais fácil:
- Ah, vai essa mesmo!
Colocou o par de botas velho, escovou rapidamente o par de dentes, foi à cozinha, tomou uma xícara de café frio do dia anterior e partiu para o ponto de ônibus.
O ônibus pára no ponto. O rapaz entra e saca seu cartão de transporte, seu único amigo. Aliás, nem tão amigo... Sem créditos nele, vasculha, então, os bolsos da camisa, sem sucesso. Olha em um bolso e outro da calça e encontra algumas moedinhas que repassa ao cobrador. Procura lugar para se sentar, avista um mais ao fundo do ônibus. Nem bem se senta e é repreendido por olhares que sugerem que ele Ceda o lugar para a grávida de pé! Ele consentiu. Tudo bem, pensa. É mais um dia na vida deste trabalhador, que ainda haverá de tomar mais um ônibus após esse e quem sabe, ir em pé mais uma vez. Procura uma melhor posição, caminha um pouquinho a frente, onde havia um ‘pega mão’ mais compatível com a sua altura. Se acomoda. Confortavelmente!
Juversino, esperto que era, percebe que o ônibus havia tomado um trajeto novo naquele dia. Certamente, a prefeitura estava fazendo alguma operação tapa buracos na avenida principal. Neste caminho havia grandes irregularidades no asfalto, a velocidade foi reduzida quase a zero e mesmo assim, era difícil de se equilibrar em meio aos solavancos do ônibus.
Mas, Juversino, acostumado, parecia nem se importar. Nota que sentados no banco pouco a frente, estão dois senhores alinhados. Vestidos de terno e tudo mais. Estranha. Procura não olhar muito. Lembrava da pobre voz da senhora sua mãe lhe dizendo quando via esse tipo de gente: “para essa gente é melhor nem olhar!”
Mudou o foco do seu olhar, mas seu ouvido, permanecia ali. Ouviu um dos senhores dizer ao outro:
- Mario, como estava te dizendo, meu carro negou a pegar nesta manhã...
- Justo hoje, Ronaldo, que minha esposa precisou do meu...
- Ta maluco né? Que eu andaria naquela lata velha!
- Melhor do que coletivo.
- Ah, nisso você tem razão Mario, eu odeio isso aqui! Esse cheiro, esse povo com essas sacolas, esse cheiro de mofo... esses bancos duros, desconfortáveis. Deus me livre! Espero que nunca mais precise disso!
Mario apenas sorriu.
Juversino foi surpreendido com uma laranja rolando próxima ao seu pé. A que ele fez questão de recolher. Uma senhora se levanta e lhe diz:
- Obrigado, rapaz! É meu café da manhã!
Ele não diz nada. Parecia estar alheio a tudo e a todos. Próximo a essa senhora, duas moças conversavam em um tom alto:
Aline: - Vou prestar Enem, Camila.
Camila: - Mas você não está sabendo?
Aline: - hã...
Camila: - Vazou! Fiquei sabendo que estão vendendo essa prova! Pura ilusão isso aí...
Aline: - Sim, fiquei sabendo que vazou. Mas vai ser apurado para que os responsáveis sejam punidos!
Camila: - Punidos? Estamos no Brasil... Aqui, os responsáveis não são punidos. Só nós, pobres, somos punidos. Vai você fazer uma coisa errada para ver...
Aline ficou em silêncio por alguns instantes... Sabia que Camila tinha razão, mas sabia bem o que queria pra si e pouco depois insistiu:
Aline: - Mas a prova será em dezembro! E vou fazer, não importa, Deus vai me ajudar.
Camila: - Tenha muita fé, amiga!
Aline: - Eu tenho, vou fazer uma boa pontuação, e depois conseguir o PROUNI. E você deveria fazer o mesmo, não sabe que há cotas para negros, pode concorrer a uma vaga.
Camila: - Sabe que você tem razão, Aline! O Eltinho, amigo meu, está fazendo medicina. E tem bolsa PROUNI.
Aline: - É isso aí! Assim que se fala! Minha mãe já me dizia, antes de falecer: “a única maneira da gente se dar bem na vida é estudando”
Juversino, concordou. Também tinha sua mãe como uma referência. Neste instante se levanta um senhor, e ele se senta. Neste lugar, era possível mais uma vez, ouvir o papo de Mario e Ronaldo...
Ronaldo: - “Estou bem Marião?” Tenho que estar bem hoje para encontrar os outros empresários.
Mario: - Você está bem, Ronaldo! Parece que está indo para igreja se casar!
Ronaldo: - Não me fale em igreja. Sabe que não acredito nisso. Não acredito em Deus e em nenhuma dessas bobagens! Quando for me casar, será só no civil.
Mario: - Como preferir...
Ronaldo: - É que fico inseguro. Hoje acordei com o pé esquerdo, olhei mais de trinta ternos e nenhum combinava com a reunião que tenho esta manhã.
Mario: - ...
Ronaldo: - Para piorar, aquela incompetente da Romilda, não engomou direito a minha camisa. Não é possível, Mario! Eu já a expliquei centenas de milhares de vezes, mas a anta não entendeu ainda...
Mario: - Complicado...
Ronaldo: - Tive de vir com essa mesmo. Mas não pára por aí não amigão... no café da manhã, não sei o que a infeliz arrumou, que faltou, croiassan, brioche, geléia... Tudo errado! O leite frio... A disposição dos talheres toda invertida... Não dá! Depois reclamam de ter trabalho, não sabem trabalhar...
Mario: - é...
Ronaldo: - E ontem, ele veio com uma conversinha de registro em carteira...
Mario: - Ah, ela não é registrada ainda?
Ronaldo: - Claro que não! Com aquela carinha de coitadinha veio me dizer que é direito dela... direito... e pobre lá tem direito?
Mario: - Mas Ronaldo, Ronaldo, cuidado com isso amigo...Ela pode te levar na justiça do trabalho!
Ronaldo: - Pobre não tem vez, nem na justiça!
Mario: - Bom, faça como achar melhor. Agora que é de direito dela é! A Laudelina Campos de Melo que iniciou essa luta pelo direito dos empregados e deixou a Romilda hoje amparada... Inclusive agora tem um projeto chamado Educafro que...
Ronaldo: - Ah, e eu não sei? O filho da Romilda estuda lá...
Mario: - Ta vendo...
Ronaldo: - Ele disse que quer ser médico, a-há, há, há... médico! Imagina... um pé rapado daquele médico... Por isso que a saúde no Brasil ta assim...
O ônibus seguiu seu curso... Juversino, que havia sido bombardeado por idéias e ideais distintos e de todos os lados..., Permanecia pensativo... Lembrava da sua manhã, da sua cama com colchão duro, tentava imaginar como era a cama que Ronaldo dormia... Por um instante se imaginou em uma mesa enorme comendo brioche, que bobagem! Ele nem sabia o que era aquilo...
Verificou, disfarçadamente, seu cheiro. Sua aparência, pela primeira vez, o preocupou... Lembrou que quanto à roupa não tinha muita escolha...
Viu quando os senhores alinhados se levantaram e antes de descerem, abriram a janela e jogaram no meio da rua, o jornal. Descartado, que não teria mais utilidade. Desceram em um ponto próximo a grandes prédios do centro comercial da cidade... As moças desceram mais a frente, mais próximas a um novo ponto. Elas, certamente, iriam tomar outro ônibus, no difícil caminho que escolheram para si. O caminho dos espinhos, da luta... Onde cada obstáculo é vencido de uma vez. Mas o brilho no olhar de Camila e da amiga, parecia apontar um destino certo... Sabiam que não importa quantas conduções haveriam de pegar... Iriam chegar ao lugar que esperavam...
Juversino dá o sinal, antes de descer, ainda pega novamente a laranja da senhora e a devolve, era o café da manhã dela. Ele, certamente, não havia gostado de tudo que ali ouviu, mas daquele dia em diante, era uma pessoa renovada... ao menos se sentia assim! Sabia quais os caminhos eram possíveis, já pensava até em retomar seus estudos... “Às vezes é preciso que a vida nos dê o chocoalhão mesmo...” O próximo dia será determinante na vida dele! Que irá em busca dos seus sonhos, seu ideais, ou não...
O jovem desce afoito, passa na frente do ônibus ainda parado, fora da faixa tenta atravessar... foi uma pancada só... não há tempo para mais nada... A linha JD. Esperança havia chegado ao ponto final... (maestro, música fúnebre por favor! ok...)

(vide 'A hora da Estrela')

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Tesoura


Tesoura, traduz todo tempo
Tímido, transcrevo trissílabos
Traço tangentes transversais
Troco todos teus títulos:
(Thamires, Tereza, Taninha, Thaís)
Toco teu tudo translúcido
Transparências traduzem teu torno
Tiro tua travessura toda!
Te tenho...te tateio, te trago!
Tão tentador teu tornozelo,
Teu tronco tingido! Tua trança tipicamente torcida
Tocha, tu te tornas! transpir-ação. Transfusão. Tesão!
Trans-feri-me toda tua tranqüilidade
Teu tronco, teu território
Transpassa todo tempo...
Três e trinta três, tempo terminado...
Trivial. Tempo transado!
(- táxi..? 30,00...)
Tanto tempo tragado...
Tempo-tesouro,teimoso, tão tudo!
Tempo tão tolo... tão tosco, tão tedioso
Tudo transcorre tranqüilo...
Transverso, traiçoeiro, te traio...
Trucido todo tesouro testado
Triângulos - toda tolice tratada
Tanta ternura, toda trocada
Travesseiros testemunham tudo...
Tentado! Torno -me tolo... tentado, te traio!
Também, torno-me tendencioso
Tanto teatro tricoteio, tentando trazer , talvez...
Talvez..., ... Tarde! Tempo terminado.
Tarântulas tecem teias transcrevendo toda transgressão!
Tudo torna-se tchau! Tesouras trituram tua tez...
E o tempo, ao invés de ajudar! Trucida teu tudo...

(desafio da letra T, "tédio com T, bem grande pra você)

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Meus heróis morreram de overdose


Pelo que vejo se foi a censura
E o que ficou nada mais foi
Do que tão somente a pura frescura
A desculpa se findou
Com o fim daquela tortura
Quem sabe um dia serei
Ministro da cultura!

Pelo que percebo nada mudou
Se não temos impedimentos
O que temos é a falta do que dizer
Preferíamos ao constatar este terror
Que vivêssemos novamente a ditadura
Ou tempos de Lennon de Paz & Amor

Na ditadura, tínhamos heróis
Ou pelo menos tema para fazê-los
Estou certo de que enfrentaríamos
E a colocaríamos debaixo da Nossa Lei
Muito mais fácil que ir ao twitter
E dizer: fora bandidos! fora Sarney!

Iríamos para cima
Certos de que poderíamos derrotá-la
Sabendo que Ela, fragilizada, recuaria:
Melhor é ter uma bandeira a defender
A viver de hipocrisia!
Melhor é ter uma bandeira a carregar
A viver este tempo besta de estar procurando
Frases no twitter para poder se expressar...

Seria bem-vindo o regime militar
Não ser exilado, nem fuzilados, eis o desafio
E aos que conseguissem, vangloriar-se-iam
E teriam o que twittar...
Pois se era o duro regime que os limitavam
Com tanta liberdade hoje, onde estão?
Pois se tem lápis, tempo, saúde para gritar
Será que não podem ver nossa gritante situação?

Mas hoje estamos todos aflitos,
‘A paz’, é o maior dos conflitos!
Se não se vê sangue, não há no que se inspirar
A liberdade é o nosso ponto fraco
Aquiles! Proteja teu calcanhar!


_________________________________
Abaixo, só para descontrair, segue uma reportagem da morte de Jhon Lennon
no JN. Vi esses dias, e achei muito interessante o seguinte, como era diferente
a maneira de se expressar dos nossos jornalistas. E como o Pelé naquela época
já falava tanta bobagem. E o Gilberto Gil então, nem se fala... prestem atenção
no depoimento dele!

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Aula pra quê?


Bom, o assunto é complexo. O assunto é delicado. O assunto é polêmico e já muito debatido, mas vamos lá. Cada dia aparecem novas alternativas, técnicas, orientações, soluções, sobre a melhor forma de se ensinar. Muitas delas, infelizmente, não condizem com a realidade de um país como nosso – tão grande e tão cheio de problemas. O governo, ao mesmo tempo que, fecha os olhos para os grandes apelos sociais e constitucionais, como saúde e educação. Quer passar uma imagem de governo para o povo. Governo que incentiva, que faz muito pelas classes menos favorecidas economicamente. Confesso, que me senti mal com a nova propaganda do MEC “seja professor” faltou a segunda parte “e morra de fome e se torne frustrado, depressivo...”
Porque, afinal, o que é ser professor hoje em dia? Seria preciso um debate muito amplo para responder uma pergunta como esta. O professor é papel fundamental para o futuro do país. Claro, concordo plenamente, todavia, é o mais desvalorizado entre os profissionais de nível superior. O professor tem além de sua jornada de trabalho, de, às vezes, três turnos que, trabalhar outras tantas horas no preparo das aulas e correções de provas, trabalhos, orientações de pesquisas e afins. E não ser valorizado a altura, gera uma grande insatisfação, obviamente. Esta insatisfação, no entanto, é amenizada, em partes, quando se vê na expressão de alguns dos nossos alunos a vontade de aprender, a gana pelo conhecimento, as aprovações deles em concursos, vestibulares, enfim, os resultados. Mas este é também um ponto que nos deixa apavorados. Sim, o que se percebe é que se há alguns alunos que são motivo de orgulho, a maioria deles nem sabe o porquê de estar na escola. O porquê de tantas aulas e de tanto conhecimento que, parece que nunca servirá de nada. Não são poucos os alunos que pegam o professor de calças curtas, em meio aquelas aulas teóricas e cansativas, com esta questão: “professor, mas quando é que vou usar isso na minha vida...?” Somos de uma cultura que não prega o conhecimento como uma virtude, como algo enriquecedor. Se não houver um porque muito bem elaborado, a maioria, não se interessa por aprender: “Professor, Português até que vai, mas literatura pra quê?” Para nada, é a resposta que eu gostaria de dar! Para nada, estão todos dispensados, podem ir. Sim, porque eu me recusaria a dizer: “você tem que saber, porque cai no vestibular...” O vestibular, ao mesmo tempo que é um erro na minha cabeça, é extremamente necessário, se tomando uma outra visão. Um erro por quê? Porque faz com que todas as escolas de Ensino médio, sobretudo as particulares, treinem exaustivamente seus alunos a decorarem... Decorarem e decorarem. Se pegarmos, como exemplo, a literatura, tão rica, tão apaixonante, percebemos que esta, é muitas vezes deixada de lado pelos já universitários. O raciocínio para mim é lógico: “agora não preciso mas dela” uma vez que sua função era o quê? Fazer com se passe em vestibular. Sim, e tanta decoreba, tanto sofrimento, em tempos de Ensino Médio, faz com que muitos a odeiem. E não é difícil de se ouvir: “eu detesto literatura...” nos corredores das escolas. A pancada é tão grande, que muitos só redescobrem (descobrem) o prazer da leitura, anos mais tarde, quando em um dia comum, um livro qualquer, que ninguém o obriga a ler, surge de repente na sua mão. O que sou contra? Sou contra a literatura que faz ler por obrigação. Sou contra a aulas que vão cobrar resultados, como que para fins específicos. Ensinar, no meu ponto de vista, não é isso. A finalidade, principal, de tanto conhecimento, para mim, é tornar o aluno, o aprendiz, como preferem, uma pessoa capaz de escolher... fazer escolhas! Ter o poder simples de dizer: isso me serve, isso não. Isso é bom, isso é ruim. Sou bom nisso, sou bom naquilo. Tornar o futuro profissional, um ser que pensa! Não preparar aulas cansativas, que despejam conhecimentos e não fazem pensar. Aulas com o intuito de colocar seus alunos dentro de uma faculdade.
Todavia, as faculdades particulares, estão colocando em suas salas de aulas, alunos, com cada vez menos preparo. A maioria das faculdades privadas, isto na minha visão, tem aberto a porta a pessoas totalmente despreparadas. Há vestibular, mas este se tornou banal. Segundas, terceiras, quartas, quinta chamadas. Se vestibular é ruim, sem vestibular é ainda pior. Afinal, que tipo de profissionais estarão sendo colocados no mercado de trabalho? Há uma facilidade enorme para se entrar em universidades particulares: “pode pagar, então vem” é assim que vejo. O que torna o nível dos profissionais baixo. Mas, as universidades particulares ficam em meio a um grande conflito. Pois é fácil entender que se “apertassem” um pouco mais em suas seletivas, muitos cursos estariam hoje fechados, quiçá, muitas faculdades.
Esta realidade chega a ser cruel. Pois se pensarmos a fundo, tudo gira em torno de números, economia e resultado. É constitucional que todos tenham o direito de aprender, de se escolarizarem. Mas já não há o interesse por se tornar um profissional da educação em um país que “luta” para se tornar desenvolvido, mas não consegue ser coerente nas míninas coisas... E, é como desespero que vejo a campanha do governo federal, “seja professor” pois como atender suas promessas de melhoria de ensino, como atender a constituição, como mostrar aos outros países melhores notas e resultados, quando a cobrança vier...? Como sem professores??? Ou com professores cada vez piores... E estes resultados tem que ser bons, para que o Brasil continue a vincular entre os países emergentes. Continue a atrair investidores, continue a participar de congressos, fóruns...
Mas o governo, agora, respira aliviado... O Brasil vai sediar a COPA e também as Olimpíadas. O que, para ser sincero, só me deixa mais triste. Saber que o Governo é muito atuante, quando o retorno lhe interessa. O governo faz parcerias, consegue atrair investidores. Luta. Vai atrás. Quando percebe uma grande oportunidade de retorno, que enche os olhos do brasileiro, enche o brasileiro de orgulho... Estão previstos 25 bilhões de dólares para receber as Olimpíadas no Brasil. Uma pergunta é: quanto desse dinheiro será mesmo investido para esse fim, quanto tomará rumo desconhecido... ?
Bom, que tenhamos uma boa Olimpíada, que tenhamos uma grande copa do mundo. Pois teremos que investir muito dinheiro, e trabalhar demais. Dinheiro que não é investido nem em saúde, nem em educação, nem em transporte, nem em nada. Aí vão me dizer, mas o governo criou o PROUNI. Que nada mais é que um incentivo para que os alunos tenham como pagar as suas faculdades particulares que, caminham para o seu fechamento. Não vejo o PROUNI como uma excelente alternativa... Longe disso, o PROUNI, é mais uma maneira do governo de repassar a sua responsabilidade de oferecer educação a todos... O governo repassa o seu papel às instituições privadas. E nós, pagamos duas vezes. Enquanto pagadores de impostos... Mas as estradas também estão sendo todas privatizadas. Ou você não paga pedágio por estradas de qualidade? A saúde é também privatizada. Ou se morre na fila do SUS, ou se tem um plano de saúde pago, o “melhor é viver, o segundo melhor é UNIMED...” E a saúde que é de nosso direito, aquele garantida por constituição, estaria em que colocação nesta tabela? Melhor nem pensarmos muito...
Por fim, me resta dizer que, o governo, enfim, acordou para a questão da falta de professores – porque educação é constitucional – “Educação, a gente vê por aqui”. E os professores e pesquisadores e lingüistas vão continuar – nem todos, mas muitos – com o discurso afinado de que nós, professores, formamos cidadãos. Quando na verdade, não só, nós professores, mas nós sociedade, formamos é marginais. Por culpa de quem? São tantas as culpas que não se acham mais os responsáveis. Enquanto isso, nas salas de aula de todo o país, os alunos, mais capacitados que os professores, continuarão com a mesma dúvida cruel: Essa aula pra quê, professor? Não vou saber responder, aula pra quê? Se o presidente, líder máximo de um país, não estudou... E o pior, se orgulha de dizer isto. E o pior, emociona ao dizer: “meu primeiro ‘diproma’ foi ser presidente da ‘repubrica’!

domingo, 4 de outubro de 2009

Chavão necessário

Eu até tentei escrever um poema de amor
Juro que tentei! Rascunhei folhas e folhas
Para amassá-las e jogá-las em um lugar
Onde um coração magoado e desconfiado não pudesse achar!
Eu até tentei... mas minhas palavras se estouravam feito bolhas
Quando tocam em qualquer coisa pelo caminho
Coisa nenhuma, coisa que não é amor - coisa que é espinho!
Ou o que for que nem sei! Tentei... Tentar, tentei!
Sei que tentei, passei por cima das angustias e barreiras
Saudades, lembranças, dores, risos... faltas
Me faltaram palavras, como gravidade aos astronautas
Você não é, nunca foi, e nem será a minha metade
Não! Sem você não chego a meio - você é desigualdade!
Sou menos, sou incompleto, passo despercebido
Sou discreto... inibido, incompetente, aflito
Não consigo olhar futuro nenhum, admito!
Não sou rei, não sou chefe de nada!
Não sou feliz e nem sou poeta
Não sou dono do meu nariz
Não sei qual minha meta!
Não encontro o porquê d'esse meu escrever diário
Sem você, não sou mais que um Chavão Necessário!
Sem você eu falto
Não sou dono de mim mesmo
Sou chão, sou asfalto
Vivo a esmo!
Não sei escrever poema nenhum de amor
Não sei encontrar as palavras que antes moravam no topo da mente
Sem você sou 'sengracez' de um quadro incolor
Sou a idéia tentando fazer-se viva... inutilmente!


O discurso exagerado de quem ama - na idéia de quem não sabe viver sem o outro - e que o outro o completa é um chavão. Porque todos quando amam, ou se apaixonam, ficam vislumbrados com a figura do ser amado... E os elogios superlativados são inúmeros (chavão, porque é comum entre todos) todavia amar, é um estado de graça que só compreende quem está amando (amar, leia-se apaixonado) Então, embora seja um chavão - e entendo que a boca fala do que está cheio o coração - este é o momento mesmo de falar... Porque se tem que ser explicado, que não se trate da experiência alheia... seja da sua! Claro, é o momento de se tentar explicar o porquê de um sentimento mudar toda sua rotina... E fazer planos... Entender o que te deixa neste estágio, cego, louco, mágico. É um chavão! Mas é necessário se dizer! Pelo motivo de que é a sua vez... Você tem que dizer, antes que a maré baixe... e quando se trata de paixão, baixa. A maré baixa...
Paixão é um sentimento contraditório... O mesmo que você não pode viver sem hoje, estando cego, amanhã é aquele que você preferiria ser cego para não voltar a vê-lo. Sendo assim, amor mesmo, poucos vivem. E me reporto a sabedoria das criancinhas (“Todo mundo menos eu e Deus”) (“Comigo não tá”) (“ultiminho”) O amor, é um estado que se inicia com a paixão e que compreende mais coisas (além da paixão) porque quando a maré baixar, outras coisas prevalecerão. Como a boa conversa, compreensão, o compromisso, o carinho e todas as intimidades que foram conquistadas no estado inicial da paixonite... E é isso que manterá a união na esperança de que, posto que é chama, pode voltar a arder! A paixão se fortalece e se desgasta, mas tem que ter amor... O amor é um conjuto! Sim, amor... Esse sentimento necessário, esse sentimento tão chavão ... e por que não dizer, idiota? (sem ou com ambiguidade)

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Aspecto

Todos os dias é preciso parar um pouquinho
E analisar de que forma estamos vendo o mundo
Eu cheguei já a conclusão:
O melhor não é a verdade:
Trabalhe com conveniencias...!
A gente se perde menos...
Para cada situação um olhar
Para cada problema uma solução
Para cada porta uma chave
A solução, ou o fim de tudo
Está quase sempre na maneira de olhar...



Tudo é uma questão de ponto de vista ou sorte

O sexo sem prevenção pode levar à vida, ou à morte


Tudo é uma questão de esperança, desesperança

A porta a sua frente é uma entrada ou uma saída?


O sexo sem prevenção pode levar à morte



Mas também, à vida!

... F I M...